terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Caim

É impossível ler Caim sem passar ao lado de toda a polémica que Saramago criou à volta deste livro. No entanto, de todos os que aparecem a defender Saramago sempre que este é atacado por católicos ou pela própria Igreja, quantos realmente leram a obra Caim?
Na verdade nunca li nenhum livro de Saramago, mas decidi ler o Caim para perceber melhor tudo o que se diz por aí. Quando me pus a ler Saramago pensei: " Eh pá vou me pôr a ler uma merda pesada, boa mas dificil de digerir." Por acaso de vez em quando gosto de ler obras pesadas, mas não estou para isso neste momento. O que sucedeu no entanto foi completamente o contrário, a obra é muito leve, lê-se muito bem, mas... não é boa (para mim). Embora não tenha lido mais nada de Saramago, tenho a certeza que não foi por este tipo de literatura que Saramago ganhou o prémio Nobel, se bem que quem dá um prémio Nobel da Paz ao Obama, também é capaz de entregar outros prémios Nobeis a quem não mereça.
Saramago ataca com unhas e dentes o Antigo Testamento, de facto uma obra sangrenta e cruel que mostra um Deus muito vingativo, sem qualquer tipo de misericórdia e sem senso de justiça. Tudo isto podeia ser verdade, mas o conceito de justiça que havia quando se escreveu o Antigo Testamento não é o mesmo que hoje, as histórias presentes no Antigo e Novo Testamento não podem ser levadas à letra, à apenas que retirar a ideia (a moral da história), apreendê-la e saber que devemos segui-la ou Deus punir-nos-á, não podemos levar a história de Job ou de Sodoma e Gomorra à letra.
É verdade que o Homem pode criticar a justiça divina, para isso basta olhar-mos para o mundo à nossa volta, mas será que deve criticá-la? Aquilo que eu me apercebo é que se a justiça divina é má a do Homem é péssima, mais uma vez, olhemos à nossa volta.
Voltando mais profundamente à obra literária de Saramago, a história do livro é a de Caim que assassina o irmão Abel por este ser o preferido de Deus e Deus condena-o a vaguear pelo mundo. Depois disto Caim passa pelos principais momentos do Antigo Testamento, queda dos muros de Jericó, a Torre de Babel, Sodoma e Gomorra... e vai perdendo a fé em Deus com tudo o que vê.
Os diálogos entre Deus e Caim são sempre construídos de modo a que Caim fique "por cima de Deus", Saramago critica uma obra antiga mas usa estes diálogos de modo muito actual, chegando ao ponto de pôr no pensamento de Caim conhecimentos cientificos. Sente-se na escrita de Saramago que o escritor começa, a partir do momento em que Caim começa a pôr em questão Deus e as suas acções, a simpatizar com Caim e a descrevê-lo de forma benévola. Esqueceu-se que Caim matou o irmão, ou basta não gostar de Deus para se ser boa pessoa?
Depois ao longo do livro Saramago tenta escrever com humor. Só isto basta para nos fazer rir, o livro falha completamente nas passagens humoristicas por um simples facto: basta ouvir Saramago falar para perceber que ele não tem qualquer tipo de sentido de humor.
Para mim a ideia mais sensata que Saramago nos passa encontra-se no ultimo parágrafo. Querem saber qual é? Leiam...
Não posso deixar passar em claro o facto de Saramago e muitos comunistas mostrarem um ódio enorme pela Igreja Católica e a acusarem de milhares de mortes, então e o comunismo que matou e continua a matar? Para o sr. Saramago e seus acólitos a Igreja é má, mas o comunismo é um bom exemplo?
Deixo a pergunta: Quem matou mais pessoas, a Igreja ou os regimes comunistas?
Outro facto que me preocupa, é o de muitos ateus se mostrarem hoje mais fanáticos do que a própria Igreja. A diferença entre ateus fanáticos e católicos fanáticos é ZERO.
Deixo aqui algumas passagens interessantes de Caim:
"Quanto ao senhor e as suas esporádicas visitas, a primeira foi para ver se adão e eva haviam tido problemas com a instalação doméstica, a segunda para saber se tinham beneficiado alguma coisa da experiência da vida campestre e a terceira para avisar que tão cedo não esperava voltar, pois tinha de fazer a ronda pelos outros paraisos existentes no espaço celeste."
Abel dedicava-se à pecuária, Caim à agricultura: "Há que reconhecer que a distribuição de mão-de-obra doméstica era absolutamente satisfatória, uma vez que cobria por inteiro os dois mais importantes sectores da economia da época."
"...Por serem, como se diz, inescrutáveis os vossos designios, perguntou caim, Essas palavras não as disse nenhum deus que eu conheça, nunca nos passaria pela cabeça dizer que os nossos designios são inescrutáveis, isso foi coisa inventada por homens que presumem ser tu cá, tu lá com a divindade."
"Chorar o leite derramado não é tão inútil como se diz, é de alguma maneira instrutivo porque nos mostra a verdadeira dimensão da frivolidade de certos procedimentos humanos."
"...almocreves somos e pela estrada andamos. Tanto sábios como ignorantes."
"...nunca não é o contrário de tarde, o contrário de tarde é demasiado tarde."
"...Eis o que diz o senhor, deus de israel, pegue cada um numa espada, regressem ao acampamento e vão de porta em porta, matando cada um de vocês o irmão, amigo, vizinho."
"...Lúcifer sabia bem o que fazia quando se rebelou contra deus..."
"...Como sempre tem sucedido, à minima derrota os judeus perdem a vontade de lutar (...) a choradeira verbal é inevitável."
"... caim é o que matou o irmão, caim é o que nasceu para ver o inenarrável, caim é o que odeia deus..." (nota-se que saramago começa a simpatizar com o caim desta história, porque se começa a rever nas suas ideias).
" Apesar de assassino, caim é um homem intrinsecamente honesto..." (MAIS PROVAS?????)
"... admites então que haja no universo uma outra força, diferente e mais poderosa que a tua, É possível, não tenho por hábito discutir transcendências ociosas..."
"...talvez não saibas que os barcos flutuam porque todo o corpo submergido num fluido experimenta um impulso vertical e para cima igual ao peso do volume desalojado, é o principio de arquimedes..."
P.S. Sou agnóstico.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Fome

Infelizmente e por falta de tempo, não tenho vindo aqui tantas vezes quanto as desejadas. Razões? Trabalho, mestrado e problemas pessoais que muito me inquietam.

Mas venho escrever sobre um filme que vi à bem pouco tempo e que recomendo vivamente (infelizmente tempo para leituras não existe mesmo, já me bastam artigos cientificos).

O filme que sobre o qual escrevo chama-se, Fome.

O filme retrata as condições desumanas a que se sujeitavam os presos do IRA na Irlanda do Norte, durante a greve da sujidade e do cobertor. Os presos recusavam a farda de prisioneiros, usando apenas um cobertor, na sua sela a latrina não tinha papel e as paredes eram castanhas (sim, exacto, adivinharam), recusavam banhos ou qualquer outra forma de higiene.

Neste bloco da prisão sofriam os presos (por opção), os guardas, médicos e todas as pessoas envolvidas com estes agentes.

Além desta realidade tão bem retratada no filme, acompanha-mos a greve de fome de Bobby Sands e a lenta deterioração e agoniante deterioração do seu corpo.

A vida de Raymond Lohan, o guarda prisional que vivia apavorado e marcado por tudo o que se passava no bloco.

Neste filme que retrata factos veridicos da luta dos militantes do IRA para obterem o estatuto de presos politicos, destaco também o magnífico diálogo entre o pároco da prisão e Bobby Sands, quando este decide que vai fazer greve de fome até ás ultimas consequências. Um diálogo a roçar a perfeição.

Vejam

domingo, 11 de outubro de 2009

Gato Preto Gato Branco

Grande filme de Emir Kusturica.
Adorei ver este filme, ao contrário de Underworld, Gato Preto Gato Branco (GPGB) é um filme, na minha opinião, bem melhor.
Se Underworld é um grande filme no princípio, conforme o filme avança vai-se diluindo a sua qualidade, com Kusturica a complicar demasiado a acção para fazer passar ideias simples. O final do filme é mesmo anarquico e alternativo demais na minha opinião.
Já GPGB, é um filme em crescendo em que acabamos a dar gargalhadas com as personagens e com situações caricatas. Ao contrário da muita filosofia que é descorrida sobre esta obra, na minha opinião, este filme é apenas e só uma grande comédia, e que comédia... Uma comédia muito inteligente que com uma acção mais simplificada, consegue passar na perfeição as ideias do autor, e é claro um filme baseada em ciganos tem de ser muito rico em falcatruas e situações surreais.
Uma palavra para os cenários deste filme, simples mas deliciosos.
É também justo referir que não há filmes com melhor banda sonora, que os filmes de Emir Kusturica. Por vezes dá vontade de nos levantarmos e dançar.
Como grande fã de Tim Burton que sou, tenho de referir que me parece haver uma tendência Burtoniana na obra de Kusturica, em personagens marcantes e muitas vezes irreais, e em situações hilariantes e utopicas.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Acordado

Este filme de 2007, tem como actores principais Hayden Christensen, Jessica Alba e Terrence Howard.

É um bom filme para quem tiver uma hora e meia de tempo morto e quiser aproveitá-la com algo produtivo, visto o filme ser leve, interessante e de apenas 1h20m, que acabam por voar.

O filme é uma adaptação cinematográfica de uma obra literária.

O roteiro do filme tem como base uma operação de transplante de coração, feita a Clay (Hayden Christensen), em que este embora adormecido, consegue ouvir o que se passa à sua volta e sentir todos os procedimentos da operação. É algo que acontece muito raramente durante as operações, o paciente está a dormir, mas consciente de tudo o que se passa à sua volta, estando em profundo sofrimento porque sente tudo o que lhe estão a fazer, e em agonia porque não consegue transmitir o que sente.

É durante a operação que se apercebe a trama do filme. Se numa certa altura o roteiro é previsivel, o final é inesperado.

Não posso adiantar mais sobre esta película, pois de outro modo ficar-se-ia a conhecer o filme antes de o ver.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Plano Infinito

Depois de ler a bela obra de Homero, A Iliada, decidi ler um livro mais "leve", O Plano Infinito (PI) de Isabel Allende(IA).

A dicotomia entre estes 2 livros é por demais evidente, mas será o de IA pior? Ok, a Iliada é um clássico e é um livro "pesado", mas o Plano Infinito é noutro prisma, também um livro bastante bom. Isto só prova que a literatura não precisa ser pesada para ser boa. A literatura divide-se em 2 blocos apenas, boa e má.

O PI conta-nos a história de vida Gregory Reeves, o companheiro/marido (não sei bem), de IA que ela já nos dá a conhecer na sua obra, Paula.

IA aproveita a história de vida de Gregory Reeves para passar por toda a história dos EU, desde a Grande Depressão até ao inicio dos anos 90.

O livro é recheado de boas personagens, desde Gregory Reeves o homem atormentado pela sua infância e pela guerra, um homem à procura de um caminho para a felicidade e que normalmente a procura no sitio errado, como muitos de nós.

Depois temos Pedro Morales, o patriarca da familia do ghetto mexicano, e sua esposa Inmaculada Morales.

Carmen ou Tamar, a personagem oposta a Gregory Reeves, pode-se dizer que um é a face boa da vida e as escolhas certas e outro a face oposta, com opções erradas.

É dificil descrever todas as personagens, a familia de Gregory, o pai, a mãe e a irmã, é uma familia disfuncional, mas que representa bem um certo estereótipo de familia existente.

As mulheres de Reeves, que nos representam a futilidade e a coqueteria de grande parte das mulheres ocidentais.

Enfim, um manancial de personagens que IA tão bem sabe construir e explorar de forma sublime e que nos faz pensar que isto não é apenas uma obra de ficção, isto existe mesmo.

A parte do livro que mais gostei, foi a parte dos anos 60 e a revolução hippie, IA dá-nos uma visão absolutamente realista daquilo que eram os hippies, e com a qual eu concordo inteiramente. IA mostra-nos que toda a existência passava acima de tudo por não fazer nada, arranjar desculpas e razões para fazer grandes orgias e ter sexo com tudo e todos, e claro as drogas. No meio da revolução hippie apenas se aproveitou o rock n'roll. Aliás a geração hippie foi a mesma geração que lançou a febre consumista e materialista, dos anos 70 e 80. Alguém consegue desmentir isto?

Ao que se resume esta obra: "NA VIDA NUNCA SE CHEGA A NENHUM LADO. VIVE-SE, NADA MAIS."




terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rocknrolla

Este filme parece um malho de AC DC ou de Guns N' Roses, o ritmo é intenso e frenético e agarra-nos do principio ao fim do filme.

A história do filme? Bem vou tentar!

O filme é quase um filme puzzle com várias acções paralelas, que decorrem entre si e com influência umas nas outras.

Uma estrela do rock que é dada como morta afinal está viva e consegue encontrar o significado da existência humana num maço de tabaco.

Dois produtores discográficos são chantageados.

Um mafioso local com ligações ao negócio das construcções.

Uma quadrilha de bandidos que faz trabalhos para outros mafiosos.

Uma contadora que engana os próprios clientes e que deixa meio mundo apaixonado.

Um mafioso russo que quer entrar no negócio das construcções locais.

Um senador corrupto.

Um gangster gay.

Um bufo.

E por fim, o mais importante, um quadro que é emprestado depois roubado depois descoberto depois comprado depois achado e que pelo caminho muda sempre a história do filme.

UUUUUUUUUUUUFFFFFFFFFF!!!!!

Bom basicamente é isto, baladas e bandas tipo Radiohead aqui são só para meninos, o ritmo é alucinante.

O guião é excelente e estou rendido por completo ao Sr. Guy Ritchie.

Ficamos à espera do, Verdadeiro Rocknrolla.

sábado, 29 de agosto de 2009

Identidade Kubrick

Vi o filme Identidade Kubrick (IK)e ao contrário da maioria das críticas que vi na net, o filme não me desiludiu antes pelo contrário. Posso até afirmar que ainda bem que não vi antes as críticas na net, pois assim deixaria de ver o filme, e agora ao pensar nisso vejo que teria perdido um bom filme.

IK é uma daquelas comédias que não nos faz soltar gargalhadas, mas ficamos do inicio ao fim com um sorriso aparvalhado na cara. Durante uma hora e meia esquecemos os problemas que nos rodeiam e a nossa vida e concentramo-nos nas aventuras do burlão Alan Conway (AC).

AC é um burlão, alcoólico e homossexual, que se faz passar por Stanley Kubrick (SK). Durante todo o filme AC engana as mais diferentes pessoas, o homem do talho, uma banda de heavy metal, criticos de cinema... enfim qualquer pessoa a quem pudesse roubar um apetecivel projecto, dinheiro ou por apenas umas horas de sexo.

O mais "nonsense" em todo o filme é que AC, nem sequer conhece a obra de SK, o que não o impede de enganar meio mundo.

Ao contrário da grande parte das criticas que li na net, penso que o filme alcança o objectivo a que se propõe, ser uma comédia que nos faz apaixonar, odiar, divertir e ter pena da personagem principal. Penso que o objectivo do realizador nunca foi fazer uma homenagem a SK, fazer uma obra-prima ou uma grande critica a Hollywood e ao show business.

Uma das criticas com que concordo é o facto de John Malcovich arrebatar o filme completamente para si, o seu AC é deveras fantástico e embora seja um grande boneco, também há por ali muito John Malcovich.

Enquanto vi o filme e as suas situações mais caricatas perguntava a mim próprio: "E se fosse eu a ser burlado desta maneira, não cairia também?" A resposta é: "Sim cairia.". De facto o ser humano não é dificil de enganar, basta ter à sua frente uma figura credível, ou melhor uma figura que pensemos ser credível, e ouvirmos exatamente aquilo que queremos ouvir. A partir deste momento estamos prontos para a "matança".

A verdade é que visto de fora, as burlas de AC parecem fazer parte de um qualquer cenário Kafkiano. Visto por dentro, bom visto por dentro, o guião do filme é baseado em factos veridicos e AC existiu mesmo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Desilusão de Deus

Li há pouco tempo mais um livro religioso, ou melhor um livro não-religioso, de Richard Dawkins: "A desilusão de Deus".

O autor, ao que parece um ateu bem conhecido nos EUA e entre a comunidade católica, pelo menos ele assim apregoa, é um ateu que nos quer convencer através de episódios contidos nas 3 religiões com mais seguidores Catolicismo, Islamismo e Hinduísmo, e pelas palavras e actos dos seus responsáveis que não existe essa "coisa" chamada Deus.

Durante todo o livro ele acusa as religiões e seus responsáveis de fanatismo, fundamentalismo e de tentativa de control das massas, acabando ele próprio por ser um fanático e fundamentalista não-religioso. Impressionante como normalmente quem segue cegamente uma ideologia contra outra, acaba sempre por se tornar uma versão diferente daquilo que tanto odeia. A História está cheia destes exemplos e de facto muitos ateus, acabam por fazer exactamente os mesmos erros que imputam, e muitas vezes com razão, ás religiões.

Como agnóstico prefiro questionar e não afirmar.

O autor desta obra vai-nos informando, de forma bastante envaidecida, que os seus amigos (que obviamente partilham as suas ideias, porque um fundamentalista ou um idealista não tem amigos que pensem de forma diferente da sua), lhe dizem que ele é considerado pela igreja Norte Americana como o Satã ou o Anti-Cristo dos tempos modernos. Uma ideia que o autor subliminarmente "abençoa" para a sua pessoa. Penso que este senhor deve adorar espelhos.

Da obra li os capítulos que mais me interessavam e aqui ficam algumas frases tiradas do livro, confesso que a maioria nem são do autor original, mas sim transcrições de outros autores que ele nos apresenta.

Uma das coisas que aprendi, quiçá a de maior importância, foi que os EUA não foram fundados como país cristão, como a direita norte americana tanto apregoa. Aqui fica a transcrição de um tratado de 1796 assinado por John Adams em 1797, durante a presidência de George Washington: " Considerando que o governo dos EU não é, em nenhum sentido, fundado na religião cristã; considerando que não o move qualquer inimizade contra as leis, religião ou tranquilidade dos muçulmanos, e conferindo que os referidos Estados nunca moveram qualquer guerra ou acto de hostilidade contra qualquer nação maometana, é declarado pelas partes que nenhum pretexto resultante de opiniões religiosas deverá alguma vez ser razão para uma interrupção da harmonia existente entre os 2 países".

Neste tratado podemos ver que os EUA foram fundados com uma base secular. Hoje esta base secular, é ignorado pelas igrejas católicas americanas e pelos milhares de pastores norte americanos, assim como pelos politicos que não têm actualmente outra saída senão aceitar a não- secularidade do Estado.

EINSTEIN: "Eu não tento imaginar um Deus pessoal; basta mostrar reverência pela estrutura do mundo, na medida que ele permita aos nossos insuficientes sentidos apreciá-lo".

RALPH EMERSON: "A religião de uma época é o entretenimento literário da época seguinte."

THOMAS JEFFERSON: "Na nossa intituição não devia haver lugar para uma cátedra de teologia."

EINSTEIN: " Estranha é a nossa situação aqui na Terra. Cada um de nós vem para uma curta visita, sem saber porquê, contudo, por vezes parecemos adivinhar um objectivo. No entanto do ponto de vista do quotidiano, há uma coisa que sabemos: que o homem está aqui pelos outros homens- acima de tudo por aqueles cujos sorrisos e bem-estar depende a nossa felicidade."

SEAN O'CASEY: " A política chacinou os seus milhares, mas a religião chacinou as suas dezenas de milhares."

VICTOR HUGO: " Há em cadeia aldeia um archote- o mestre escola; é uma boca que sopra para o apagar- o pároco."

STEVEN WEINBERG:" Com ou sem religião haverá sempre gente boa a fazer o bem e gente má a fazer o mal. Mas é preciso religião para colocar gente boa a fazer o mal."

BLAISE PASCAL: "Os homens nunca fazem o mal tão completamente e tão alegremente como quando o fazem por convicção religiosa".

Agora como agnóstico digo a frase da minha preferência da autoria de Abert Einstein: " A ciência sem a religião é coxa, mas a religião sem a ciência é cega".

Boas orações ou lá o que é, como diria uma conhecida personagem de Salman Rushdie.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

State of Play

"People still know what's serious information and what is bullshit."

"This is good journalism".

Eis duas das frases que destaco deste grande filme de Kevin Mcdonald.

A frase é do jornalista Call MacCaffrey, um jornalista de investigação à antiga interpretado de modo simples mas criativo por Russel Crowe.

O filme conta ainda com Ben Affleck, Rachel McAdams a estrela de Red Eye e Jason Bateman.

A acção do filme tem como pano de fundo as lutas internas que os Estados Unidos travam contra empresas de armamento, a quem os governos deram poderes ilimitados e que agora são de dificil controlo, para quem a guerra e a segurança interna é apenas um negócio independentemente das baixas.

O filme começa com a morte de uma acessora e amante de um senador que luta nos tribunais contra uma poderosa empresa de armamento.

Um jornalista de investigação irá tentar desmantelar o puzzle que se forma entre o senador, a empresa de armamento e o assassinio da acessora.

O jornalista Call MacCaffrey terá a ajuda de uma jovem jornalista Della Frye para conseguir juntar as peças da história. Della é uma jovem jornalista que dá mais importância a imprensa de Blog que tem uma opinião sobre tudo e todos, mas normalmente completamente vazia de conteúdo e de verdadeiro trabalho jornalistico.

O filme mostra-nos a importância que o bom jornalismo tem ou deveria ter, na nossa sociedade actual, onde as peças jornalisticas têm cada vez menos conteúdo e factos e cada vez mais opinião individual.

O jornalismo de investigação terá de ser a grande aposta futura da imprensa escrita, é este jornalismo que poderá salvar esta imprensa, da cada vez maior concorrência da Internet.

Há ideias e histórias que se conseguem transmitir melhor no papel. Haja editores que se lembrem disto e se lembrem da dívida que tem um jornalista para com a sociedade que lhe confere direitos especiais que mais nenhuns cidadãos têm.

O jornalismo é ainda hoje o maior poder na civilização ocidental.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Golfe camponês

Em Portugal aposta no Turismo traduz-se a maior parte das vezes na abertura de hotéis e investimento em campos de golfe. Basta ouvir os responsáveis falarem em jornais, na tv ou em qualquer orgão de comunicação social para entender que os responsáveis pelo turismo português só vêm à frente, auto-estradas, hotéis, campos de golfe, como paradigmas do desenvolvimento turistico.

Esta mentalidade advém do facto de os responsáveis raramente terem formação em Turismo, porque quem lhes dá os altos cargos achar que qualquer pessoa pode fazer bem esse trabalho. O pior é que quem tem o mínimo de formação turística arrepia-se com o discurso destes senhores, que de Turismo nada entendem.

O bom turismo tem uma grande dose de planeamento e muitas vezes o investimento não necessita de ser grande para o retorno ser também grande.

Se a aposta turistica deve primar por uma diversificação da oferta e pela criatividade, num mercado já saturado da aposta nos mesmos produtos, em época de crise essa diversificação e imaginação deve ser ainda maior, de modo a se investir pouco e ter alto proveito, ou seja, haver um saldo positivo na relação custo/benefício.

Ora foi exactamente isso que aconteceu nos Açores, com a aposta no Golfe Camponês (GC) na ilha do Faial nas encostas do vulcão dos Capelinhos.

O GC é uma aposta no regresso ás origens rurais da modalidade na Escócia. É uma modalidade praticada em zonas de pastagens de erva rasteira, os circuitos são compostos por 18 bandeiras, no meio de círculos com diâmetro de um metro que funcionam como buraco. Antes de cada tacada é possivel melhorar a posição da bola, numa distância igual ao comprimento do taco, mas apenas para os lados. Isto acontece devido ao terreno demasiado acidentado onde é disputado o jogo. A bandeira considera-se concluída quando a bola estiver dentro do círculo que a envolve.

Ao contrário dos verdes campos de golfe é substituído aqui por areia escura e fragmentos de rocha lavar vermelhor, e se se pode tentar jogar onde mais ninguém ousa jogar, pode-se também aproveitar para desfrutar das paisagens açorianas enquanto de joga. Importante é também referir que os Capelinhos é uma zona protegida e ainda assim é possivel jogar este desporto nestas zonas, ou seja, ao contrário do golfe tradicional este não é agressivo para o ambiente.

Se isto começou como uma brincadeira na ilha do Faial, hoje é um projecto que contagiou os orgãos turísticos responsáveis, como é o caso das Casas Açorianas, uma associação de turismo rural que tem co-organizado os 16 torneios já realizadas em todas as ilhas, à excepção da Graciosa e da Terceira.

Nos Açores o desporto é praticado num solo vulcânico como o do vulcão dos Capelinhos, nass encostas verdes da ilha com vista para a ilha do Pico, a deslocação dos jogadores em vez de ser no tradicional carrinho é feita num 4x4, os obstáculos podem ser vacas, bezerros ou cavalos.

O primeiro campo oficial deste desporto nos Açores será mesmo o cenário lunar dos Capelinhos.

O preço será de 10 a 15 euros por pessoa.

O que mais importa não será a competição em si, será sim o desfrutar da paisagem local, o convívio, o coffe-break e o almoço servidos no meio da paisagem, onde os jogadores se podem repastar com a gastronomia tradicional, como os queijos, batata-doce, enchidos caseiros ou chicharros fritos.

Alguém dúvida do sucesso deste pequeno investimento a médio longo prazo? Só quem nada perceber de turismo.

Com isto concluo: os nichos de mercado andam aí, estejam atentos meus senhores.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

O Sétimo Selo

Acabei de ler o Sétimo Selo de José Rodrigues dos Santos. A sua escrita assemelha-se à de Dan Brown, para quem gosta de thrillers e de conspirações é óptimo.

A obra fala da descoberta de uma energia alternativa ao petróleo, e do esforço das companhias petrolíferas para abafarem essa descoberta.

Durante todo o livro vão sendo expostos factos preocupantes da industria petrolífera.

Depois de 3 choques petrolíferos, o de 74 com o embargo árabe, o de 79 com a revolução iraniana e o de 91 com a guerra do Golfo (a crise petrolifera recente não é mencionada pelo autor, devido à data em que foi escrito o livro).

A história desenrola-se em Coimbra, Sibéria, Áustria e Austrália.

Eis alguns dos factos que José Rodrigues dos Santos nos apresenta:

- Com a deslocação do gelo, o Polo Sul desloca-se todos os anos 10 metros em direcção à América do Sul;
- A invasão nazi à URSS tinha como objectivo controlar o petróleo;
- Entre 1960 e 1990 o gelo do Polo Norte ficou 40% mais fino;
- Entre a era glaciar e a nossa, a diferença de temperatura é de apenas 5 graus;
- Os aerossóis diminuem a temperatura e o dióxido de carbono aumenta;
- A China pretende construir mais 300 centros de carvão até 2020;
- Baikal, o maior lago do mundo fica na Sibéria, que tem quinto da água potável de todo o mundo, é maior que Portugal.

O autor diz-nos que é urgente investir em energias alternativas, pois o petróleo de todos os campos petroliferos do mundo já passaram o seu pico de produção uns á cerca de 30 anos, outros à 20 anos.

A grande esperança do mundo são os campos de petróleo da Arábia Saudita. O grande problema destes campos, é a sua produção não ser controlada por nenhum organismo oficial, assim o mundo não sabe o petróleo que existe nestes campos. Os sauditas afirmam que o pico de produção destes campos ainda está longe de chegar e que os campos jorrarão petróleo durante mais de 100 anos ainda, outras pessoas pensam que o pico de produção destes campos já passou à algum tempo e quando os campos sauditas secarem, apanharão os governos e as economias desprevenidas. Provocarão grandes crises, fome, paralisação de economias e guerras.

Junta-se a tudo isto o facto dos governos dos países desenvolvidos olharem para o lado em termos de questões ambientais e do aquecimento global, as economias e as civilizações não estão preparadas para a escassez de petróleo. Entretanto países como a China e a India preparam-se para serem grandes consumidores de petróleo, aumentando assim as emissões de combustíveis fósseis para o ambiente, acelarando assim o aquecimento global e aumentando a produção de petróelo, que cada vez mais vai escaciando no globo.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Pisar o Risco

Depois de ler Pisar o Risco de Salman Rushdie, deixo aqui alguns pensamentos e frases do autor:

- "(...) E é verdade que a história humana transborda de opressão colectiva exercida pelos cocheiros dos deuses. E todavia, no entender das pessoas religiosas, o conforto individual que a religião confere compensa que suficientemente o mal feito em seu nome."

-"(...) é o próprio absurdo das versões religiosas que incita os seus adeptos a reiterarem com uma crescente estridência a necessidade de uma fé cega."

- "A libertação intelectual na Europa, significou sobretudo a emancipação frente ás imposições da Igreja, e não do Estado."

- "A história dos versiculos satânicos, diz-nos que em certa ocasião, o Profeta foi confrontado com alguns versículos que pareciam aceitar a divindade das 3 deusas pagãs mais populares de Meca, comprometendo desse modo o monoteísmo rígido do Islão. Mais tarde, o Profeta rejeitaria esses versículos como um embuste do diabo, dizendo que Satã lhe aparecera disfarçado de Arcanjo Gabriel e lhe recitara os seus Versículos Satãnicos."

- "Para o fundamentalismo religioso, e sobretudo, na actualidade, para o fundamentalismo islâmico, o adjectivo «laico» é a mais suja das palavras sujas."

- "Os laicistas sabem que um Estado-nação moderno não pode ser construído na base de ideias que surgiram no deserto da Arábia há mais de 1300 anos."

- "Os fundamentalistas declaram sempre que é a simplicidade que procuram, mas a verdade é que são obscurantistas em tudo. O que é simples é aceitar que se alguém pode dizer:«Deus existe», outra pessoa pode dizer: «Deus não existe». O que nada tem de simples é exigirem-nos que acreditamos que há só uma verdade, só uma maneira de exprimir essa verdade, e só um castigo -a morte- para os que entenderem que não é assim."

- "Os líderes europeus honram em palavras os ideias das Luzes - liberdade de expressão, direitos humanos, separação da Igreja e o Estado. Mas quando estes ideais batem na banalidade poderosa daquilo a que se chama «realidade»-negócios, dinheiro, armas, poder- estão prontos a deixar cair a liberdade."

- "Os Hitlers da história podem ter caído, mas a cadela que os pariu está outra vez com o cio."

- "O conhecimento humano imperfeito talvez seja uma estrada acidentada, cheia de buracos, mas é o único caminho de conhecimento digno de ser tomado."

- "Definição moderna de democracia: Um homem, um suborno"

- "O exílio é o sonho de um regresso glorioso."

- "A perseguição religiosa nunca é uma questão moral, mas sempre uma questão de poder."

- "A habituação é a rendição."

- "É do proprio medo que devemos ter medo" (F. Roosevelt)

- "A viagem cria-nos."

- " O Santo Graal é uma quimera. O Santo Graal é a própria demanda pelo Santo Graal."

domingo, 5 de julho de 2009

Salman Rushdie: Abril de 1999: MÚSICA ROCK

"Há pouco tempo perguntei a Vaclav Havel se admirava de facto Lou Reed. Ele replicou que era impossivel sobrestimar a importância da música rock para a resistência checa durante os anos de trevas que passaram entre a Primavera de Praga e o colapso do regime comunista. Eu começava a saborear a imagem mental dos líderes do underground checo acertando o passo ao ritmo de Velvet Underground, quando Havel acrescentou com o ar mais sério do mundo: "Porque é que achas que falámos de Revolução de Veludo?"(...) Tratava-se de uma brincadeira que escondia uma verdade mais literal- para os entusiastas da música popular de uma certa classe de idade as ideias de rock e de revolução são ideias indissoluvelmente ligadas. "Vocês dizem que querem uma revolução" dizia John Lennon, provocando-nos. "Bem como sabem/ todos nós queremos mudar o mundo". E a verdade é que com o passar dos anos comecei a pensar que essa associação era um pouco mais simples que simples romantismo juvenil. Por isso, descobrir que uma verdadeira revolução fora inspirada pelos rugidos de sedução do rock era realmente comovente. Fazia-me sentir uma espécie de validação.( Salman soube que Havel não estava a brincar, ele dissera exactamente a mesma coisa anos mais tarde a Lou Reed).

Hoje que já ninguém parte guitarras opu protesta sobre coisa que se veja, hoje que o rock entrou na meia idade e se organizou em associações comerciais, hoje que os mais jovens ouvem rap, trance e hip-hop, e Bob Dylan e Aretha Franklin são convidados a cantar nas investiduras presidenciais, esquecem-se com facilidade as origens oposicionais da forma, a sua carga anti-establishment de outrora. Todavia, o espirito de revolta, rude e seguro de si do rock talvez seja uma das razões que fez com que o seu som estranho, simples e imparável tenha conquistado o mundo à cerca de meio século, atravessando todas as fronteiras e todas as barreiras da língua e da cultura, acabando por se tornar o terceiro fenómeno global da história, a seguir ás guerras mundiais. Era o som da libertação e falava, por isso, aos jovens espiritos livres de toda a parte- o que, como é evidente, as nossas mães não apreciavam por aí além.

(...)

O que parecia ser e sentíamos como liberdade parecia ao mundo adulto qualquer coisa como mau comportamento, e em certo sentido, os dois lados estavam certos. (...) A liberdade, essa antiga anarquia que bate o pé, é um valor mais alto e mais bravio que o bom comportamento,e , apesar de todo o seu espirito de revolta hirsuta da madrugada, representa um risco muito menor de desembocar em devastações graves que a obediência cega e o respeito hirto perante as convenções. É preferivel a destruição de umas tantas suites de hotel à destruição do mundo.

(...) Existe em nós qualquer coisa que se limita a desejar seguir a multidão. (...)Mas nós continuamos a querer ser conduzidos, a seguir senhores da guerra mesquinhos e ayatollahs assassinos e dirigentes nacionalistas brutais, ou a chupar no dedo escutando docilmente os Estados-infantário que sabem melhor do que nós o que nos convém. É por isso que os tiranos abundam, e que até mesmo aqueles de entre nós que fazem parte de países idealmente livres deixaram de ser, na sua maioria, espíritos rock n' roll.

A música de liberdade assusta as pessoas e desencadeia toda a espécie de mecanismos de defesa conservadores. (...)

Supunha-se que a queda dos regimes comunistas e a destruição da Cortina de Ferro e do Muro trariam uma nova era de liberdade. Em vez disso, o mundo que veio depois da guerra fria, ainda informe e cheio de possibilidades, fez com que muitos de nós ficássemos cheios de medo. Refugiámo-nos ao abrigo de cortinas de ferro mais pequenas, construímos paliçadas um pouco menos altas, fechámo-nos em definições mais estreitas, cada vez mais fanáticas, de nós próprios- definições religiosas, regionais, étnicas- e começámos a preparar-nos para a guerra.

Hoje, enquanto o ribombar de uma dessas guerras submerge a doçura do canto da melhor parte de nós próprios, descubro em mim a nostalgia do velho espírito de independência e de idealismo que outrora, propagado pela música, nos ajudou a acabar com outra guerra (no Vietname). Mas hoje a única música que ouvimos no ar é a de uma marcha fúnebre."

Salman Rushdie: Abril de 1999: MÚSICA ROCK

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Nietzsche

- Os erros dos grandes homens são dignos de elogios, pois são mais frutíferos do que a verdade dos pequenos.

- A moralidade é primordialmente um meio de preservar a comunidade e de evitar a sua destruição.

- O homem é uma ponte e não um fim.

- Compadecer-se é a prática do niilismo.

- O que um padre diz ser verdadeiro é na realidade falso.

- Que é que destrói mais rapidamente do que trabalhar, pensar, sentir, sem prazer?

- O Budismo não promete mas cumpre, o Cristianismo tudo promete e nada cumpre.

- Em Paulo personifica-se o ódio, o génio do ódio, na visão do ódio.

- O Cristão é apenas um judeu de confissão «mais liberal».

Turismo os caminhos

Se entre 2004 e 2007 o turismo global explodiu, com um crescimento médio de 3.6% ao ano, devo a variados factores, entre os mais importantes uma economia mundial estável, preços dos combustíveis baixos, desaparecimento do medo pós 11 de Setembro e crescimento das low-cost, o começo da crise no segundo semestre de 2008 provocou uma descida de 1% no crescimento turistico, com especial afectação nos países desenvolvidos e do BRIC. Isto deveu-se a uma maior dependência do turismo em maior escala por parte destas nações, que têm também um indice de turismo interno elevado, onde o impacto da crise foi menor.

Há casos que ilustram bem o tamanho da crise na indústria, a China que em 2004 tinha ultrapassado a Itália como o quarto país mais visitado do mundo, viu o seu número de visitantes baixar em 7% e as receitas do turismo descer 15%.

Em Espanha no mês de Fevereiro, as chegadas desceram 16%, em relação ao período homólogo do ano anterior.

O Conselho Mundial de Viagens e Turismo prevê para este ano uma contracção de 3.5% este ano na indústria, com a eliminação de 10 milhões de postos de trabalho até ano ínicio de 2011.

O Turismo é neste momento a maior indústri mundial envolvendo 7.6% dos empregos de todo o mundo e gerando 9.4% do rendimento global, e ainda podemos olhar para as suas ligações a outros sectores da economia, como a construcção, fábricas, petróleo, alimentar, etc...

Em plena crise e por factores específicos da própria indústria, alguns governos começaram a olhar para o turismo como o meio mais eficaz para relançar as suas economias, no periodo pós crise. Se a Islândia depois da bancarrota, tem no turismo a bandeira para reerguer a sua economia, em Espanha serão injectados 1300 milhões de dólares para a modernização das infra-estruturas turísticas espanholas, para combater destinos como a Turquia ou o Egipto que acabaram por se tornar mais apetecíveis devido à valorização do Euro. Nas Canárias, o Conselho Municipal do Turismo iniciou um conjunto de seminários para melhor preparar os trabalhadores da área, e sensibilizá-los para a importância que eles têm para o sucesso turistíco da região.

A Itália está decidida em apostar na publicidade dos seus destinos, os seus alvos são o Canadá, os EUA e a Europa, nos anúncios pode-se ouvir a música clássica e visualizar-se as paisagens e monumentos transalpinos. Pode parecer excessivo para um país forte no sector como a Itália? Então atente-mos no facto de em 2008 o turismo italiano ter registado uma quebra de 5%, perdas de 5200 milhões de dólares e 150 mil empregados.

Depois temos também as perdas das companhias aéreas, que prevêem uma contracção do tráfego de pessoas em 5.7%, com prejuízos que vão até os 4700 milhões de dólares. A esta situação acrescenta-se o facto de o preço do petróleo se achar numa grande instabilidade.

No sudeste asiático, países como o Vietname, Cambodja, Malásia e Tailândia decidiram baixar os preços dos vistos, numa estratégia conjunta com as companhias aéreas, hotéis e demais sítios turisticos, que também se comprumeteram a rever os preços em baixa.

Nas Caraíbas a Elite Islands Resorts, irá aceitar acções desvalorizadas como forma de pagamento.

Na Coreia do Sul a desvalorização do won ajudou a atrair mais 7% de turistas, incluindo mais 50% de turistas do Japão. A Coreia do Sul foi mesmo o país asiático que mais cresceu.

Na China as autoridades locais distribuíram cupões de viagens internas.

Na Grã-Bretanha haverá este ano, mais 5 milhões de turistas internos.

Visto isto será grande o desafio dos agentes turisticos nos próximos tempos, mas também está bem patente que o turismo poderá ser também a boia de salvação para alguns países. Isto porque ao contrário de certas indústrias onde os investimentos requerem um grande esforço financeiro, o Turismo requer menos investimento e a relação custo/proveito, será mais certa do que em noutros ramos.

Quanto aos países desenvolvidos, numa altura em que as familias dispõem de menos meios para viajar, pode ser no "vá para fora cá dentro", que se encontre o caminho mais proveitoso para o negócio. Convencer os turistas a visitar o próprio país, mostrando-lhes que poderam ter umas boas férias e por menos dinheiro. Transformar turistas externos em turistas internos.


segunda-feira, 29 de junho de 2009

Nietzsche

Decidi ler a biografia de Nietzsche e uma parte da sua obra acima de tudo porque adoro a sua obra: " O Anticristo", embora a sua restante obra não me diga muito.


Nietzsche além das questões filosóficas tinha também grande interesse por questões musicais, era um enorme admirador da música de Wagner sendo também um grande amigo seu, mais tarde iria chatear-se como Wagner e criticar muito o seu trabalho.


Devido a uma infância complicada não se consegue adaptar à sociedade, algo que lhe iria ser útil mais tarde para a sua obra.


Sendo um aluno brilhante, tinha como autores preferidos Platão, Shakespeare, Byron e Rosseau, no inicio da sua obra a sua maior influência é de Schopenhauer.


Nietzsche abre-se paras a filosofia através de Schopenhauer, fascinado com o seu inquebrável compromisso com a verdade. Nietzsche partilhava com Schopenhauer o pessimismo metafísico, segundo o qual a vontade está sempre em sofrimento devido à insatisfação dos desejos. Segundo o filósofo, a música enquanto arte global era uma das possibilidades de consolar este sofrimento humano.


Durante a sua adolescência Nietzsche começou a sentir problemas de saúde, problemas esses que se iria intensificar a até ao fim da sua vida, impedindo-o de trabalhar nos últimos anos da sua vida, Nietzsche tinha uma saúde débil e sofria de constantes dores de cabeça.


Niezsche foi professor de filologia em Basileia durante dez anos, altura em que frequentava a casa de Wagner que considerava ser um artista global cuja obra extinguiria a decadência que o espirito ocidental tinha sofrido desde o final da Grécia clássica.


A 2 de Maio de 1880 Nietzsche renúncia ao seu lugar de professor na universidade de Basileia, devido ás constantes enxaquecas que já não lhe permitiam leccionar.


Em 1889 finda a sua vida intelectual.


De 1894 a 1900 é sua irmã que toma conta dele, falecendo em 1900.


A sua irmã uma nacionalista anti-semita funda o Nietzsche- archiv, fazendo de Nietzsche o prova de uma nova e grande Alemanha. Esta manipulação da obra de Nietzsche iria culminar com a eleição do partido nazi em 1934 ao poder.


Nietzsche, Wagner e Schopenhauer foram artistas conotados ao partido Nazi, visto Hitler ser admirador destes artistas.


Compreende-se a fácil manipulação da obra de Nietzsche, que defendia que os homens deveriam ser governados por uma grande força ou um grande homem, ele defendia que havia homens fracos e que os mais fortes não deveriam preocupar-se com os outros, não devia haver qualquer tipo de misericórdia ou pena destes.


Quando Nietzsche falava no sentido moral, dizia que para que o individuo molde o seu comportamento ás necessidades da sociedade, pode e deve ser utilizada a coacção, por vezes a voz autoritária da comunidade que ganha a forma de consciência.


Em 1872 pública a Origem da Tragédia, que revela o contraste entre a cultura grega anterior e posterior a Sócrates, menosprezando a última, manifestando que a cultura alemão contemporânea se assemelhava à cultura grega posterior a Sócrates, só podendo ser salva pelo espírito da música de Wagner.


A obra de Nietzsche é riquissima, no entanto passarei à parte que realmente me interessa, o Anticristo.


Nietzsche diz-nos que ao contrário do que se crê, a humanidade não representa uma evolução para algo de melhor, o progresso é uma ideia moderna e falsa, o homem de hoje não vale mais que o homem do renascimento. No entanto em diferentes locais manifesta-se um tipo superior de homem, espécie que em relação à maioria é uma espécie de ultra-homem.


Para Nietzsche o Cristianismo travou uma guerra de morte contra o tipo de homem superior, baniu todos os instintos fundamentais de tal tipo, e desses destilou o mal e o pernicioso, criou do homem forte uma imagem de homem abominável. O Cristianismo tomou partido de tudo o que é fraco, baixo e falhado, ensinou o desprezo pelos valores da intelectualidade.

Nietzsche deixa-nos a questão: Que haveria num Deus que não conhecesse a cólera, a vingança, o castigo, que não ignorasse o gosto da vitória e da destruição? Quando um povo entra em colapso, quando sente a sua fé no futuro fugir, quando sente a liberdade esvair-se, então há que mudar o seu Deus. Torna-se então o Deus sonso, humilde. aconselha a paz da alma e até o amor para com os amigos e inimigos. Moraliza constantemente, faz-se o Deus de toda a gente, chega a tornar-se cosmopolita... Outrora simbolizava a força do povo e a sua sede de poder e afirmação, agora é simplesmente o Deus bom de todos os homens... Vê-se que não os deuses não têm alternativa: ou são a vontade do poder, sendo assim os deuses de um povo, ou são a impotência do poder, e então tornam-se forçosamente bons...

Os judeus são o povo mais singular da História Universal e porquê? Simplesmente porque postos diante da condição do ser ou não ser, eles escolhem o SER A QUALQUER PREÇO, um preço que foi a falsificação de toda a natureza, de toda a naturalidade, de toda a realidade, de todo o mundo interior e exterior. Delimitaram-se a si mesmos contra todas as condições sob as quais até então podia viver, perverteram a religião, o culto, a moral, a história e a psicologia e fizeram deles a contradição dos seus valores naturais. A Igreja Cristã limitou-se a copiar este fenómeno em proporções incalculáveis. Os Judeus falsearam de tal modo a história e a humanidade que ainda hoje um cristão se pode sentir anti-judeu, sem se compreender a si mesmo como a última consequência do judaísmo.

No Anticristo a autor tenta destrinçar algumas das mensagens de Cristo, ou se quisermos dar-nos a sua visão da mensagem de Cristo. Sobre a "Boa Nova", o Nietzsche escreve que a vida eterna, não é prometida, está aqui em nós: como vida no amor, no amor sem retraimento e exclusão, sem distância. Cada um é filho de Deus. " O Reino de Deus está em vós".

Falta em toda a "psicologia" do Evangelho o conceito de culpa e de castigo, igualmente falta o conceito de recompensa. O «pecado», toda a relação de distância entre o homem e Deus, é suprimido. Ai está novamente a "Boa Nova". A beatude não está prometida, não se encontra vinculada ás condições que a Igreja nos instiga, ela é a única realidade.

Podemos então dizer que toda a doutrina eclesiástica judaica foi negada na "Boa Nova".

O "Reino dos Céus" não é algo que se espere, ou que se encontre, não vá amanhã ou dentro de mil anos- é uma experiência dentro de um coração, está em toda a parte e não está lado nenhum...

Quanto a Jesus, Nietzsche segue passando-nos a mensagem que a sua morte não foi para redimir os nossos pecados, a sua morte foi igual à sua vida, ele morreu como ensinara, Jesus apenas nos quis ensinar como deviamos viver. A Prática foi o maior bem que nos deixou: a sua atitude perante os seus juízes, perante os que o ultrajaram, o seu comportamento na cruz, é esta a sua verdadeira lição.

As palavras proferidas ao ladrão na cruz resumem o Evangelho: "- Este é um verdadeiro homem de Deus - diz o ladrão.", " Se sentes isso então estás no paraíso, és também um filho de Deus - responde Jesus.". Não se defender, não se encolerizar...mas também não resistir ao mal- amá-lo...

Após a morte de Jesus, os seus díscipulos ao contrário dos ensinamentos do mestre, subjugaram-se a palavras, como ressentimento, vingança, juízo... O que deveria ter sido o inicio do Evangelho, descambou num sentimento contrário aos ensinamentos de Jesus. Para os seus seguidores era impossível a causa terminar com a morte do Redentor, e a promessa da vinda do "Reino dos Céus", para vingar os assassinos do Mestre e os seus seguidores. É então que o "Reino dos Céus" passa a ser não a realidade, algo ao alcance de todos nós, mas uma promessa, um sonho, um sonho de sangue, de vingança.

Mas os estragos na mensagem do nazareno não ficariam por aqui, na sua ânsia de encontrarem um sentido para a morte de Jesus os seus discipulos questionavam-se: Como podia Deus admitir tal situação? E então acaba-se com o Evangelho: ele morreu na cruz por nós, pelos nossos pecados. Suprime-se assim a "Boa Nova" de Jesus e o seu "Reino dos Céus".

É então que surge o ódio de Nietzsche por Paulo. Paulo diz: " Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé".

Paulo era Nietzsche o contrário do alegre mensageiro, o génio do ódio. Paulo sacrifica toda a vida de Jesus, a sua vida e doutrina. Para Paulo não foi Cristo importante, mas sim a cruz. Ele inventou uma história mirambulante de ressurreição, uma segunda vinda do Messias, o castigo para os pecadores. A sua necessidade era o poder, com Paulo o padre quis apenas o poder, utilizou conceitos , doutrinas, simbolos, por meio dos quais se tiranizaram as multidões e se formam os rebanhos.

Nietzsche afirma-nos que a única coisa que Maomé foi buscar ao Cristianismo, foi esta invenção de Paulo, o seu meio de tirania sacerdotal: a fé na imortalidade, ou seja, a doutrina do juízo...

Transcreverei um excerto do Anticristo, onde se compreende o porquê do nazismo ter ido beber a Nietzsche: "Conceder a imortalidade a cada Paulo e Pedro foi até agora o maior e mais pérfido ataque à humanidade nobre. (...). Hoje, ninguém mais tem coragem do privilégios, dos direitos de dominação, do sentimento de reverência por si e pelos seus pares... (...) O aristocracismo foi minado, na sua dimensão mais subterrânea, pela mentira da igualdade das almas; e se a fá no «privilégio da maioria» constitui e constituirá revoluções, é o Cristianismo, são os juízos de valor cristãos, que traduzem toda a revolução simplesmente em sangue e em crime! O Cristianismo é uma insurreição de tudo o que rasteja pelo chão contra o que tem sublimidade: o Evangelho dos pequenos empequenece...

Querem outra: " O cristão esta ultima ratio da mentira, é uma vez mais o judeu- três vezes ele próprio..."

Nieztsche dá-nos algumas passagens, algo "evangélicas" da bíblia, segundo Nietzsche, palavras que foram colocadas na boca de Jesus: "Não julgues", dizem eles. Mas mandam para o inferno tudo o que se encontra no seu caminho.

" E se alguns vos não rceberem e ouvirem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo, Sodoma e Gomorra serão no dia do juízo tratadas com menos rigor que essa cidade." Muito evangélico...

"Em verdade vos digo: há alguns aqui presentes que não morrerão antes de ver chegar o Reino dos Céus no seu poder." Será mesmo?

"Não julgueís para não ser julgado. Com a medida com que medirdes, vos será medido." Um juíz pouco integro...

"Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo". Todas as coisas, a saber: alimentos, vestuário, todas as necessidades da vida.

Passagem de Paulo: " Acaso não sabeis que os santos julgarão o mundo? E se é por vós que o mundo vai ser julgado, seríeis então ineptos para julgar as coisas mínimas?" Parece um discurso de um louco internado... mas prossegue:" Não sabeis que julgaremos os anjos? Quanto mais os bens temporais".

Enquanto o padre surgir como tipo superior de homem, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão, não haverá resposta para a pergunta: o que é a verdade? Enquanto assim for a verdade estará virada de cabeça por baixo. O que um padre afirma verdadeiro, deverá ser certamente falso.

Querem saber o que arruina uma divindade: Quando ela se torna «coisa em si».

Isto são apenas alguns pensamentos de Nietzsche e do seu anticristo, aconselho quem questiona a doutrina da Igreja Católica a ler.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Os Piores

Foi criado há pouco tempo o site titanicawards.com, para o qual turistas e profissionais do turismo enviam os seus testemunhos sobre locais que visitaram, mas neste caso vêm testemunhar as suas piores experiências.

Os prémios provisórios em algumas categorias são os seguintes:

Pior low-cost: Ryanair (qual é a admiração?)
Pior cozinha: Reino Unido (comidas quase sem tempero? É tão bom ser tuga)
Piores casas-de-banho: China (haver lá casas de banho é uma sorte)
Piores souveniers: Estados Unidos da América (quem diria?)
Catedral mais sobrevalorizada: Notre Dame (sempre tive em boa conta o gótico)
Mais chata das Sete Maravilhas: Torre de Pisa (o pessoal bem espera que aquilo caia, mas nada)
Cidade mais mal-cheirosa: Nova Deli (qué frô?)

Santo Agostinho

Algumas frases de Santo Agostinho:

- Eu pecava, porque em vez de procurar em deus os prazeres, as grandezas e as verdades, procurava-os nas suas criaturas: em mim e nos outros. Por isso, precipitava-me na dor, na confusão e no erro.

- E assim, apesar de estarmos doentes para alcançar a verdade com a transparência da razão e por isso nos ser necessária a autoridade dos Livros Santos(…)

- Contra vontade ninguém procede bm.

- Para aprender, é mais eficaz uma curiosidade espontânea que um constrangimento ameaçador.

- Há várias maneiras de sacrificar anjos a pecadores.

-O que importa é haver motivo para a alegria.

- Quem é fiel no pouco, é no muito.

- A vida é miserável e a hora da morte incerta.

- Quem ama o perigo, nele cairá.

- Uma alegria maior é precedida de uma dor maior.

- Conhecer Deus é conhecer-nos a nós próprios.


Pensamento de Santo Agostinho

“ Que amo eu, quando vos amo? Não amo a formosura corporal, nem a glória temporal, nem a claridade da luz, (…), nem a doce melodia das canções (…), nem o suave cheiro das flores dos perfumes ou dos aromas, nem o maná ou o mel, nem os membros tão flexíveis aos abraços da carne.
Nada disto amo quando amo o meu Deus.
E contudo amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento e um abraço, quando amo o meu Deus, luz, voz, perfume e abraço do homem interior, onde brilha para a minha alma uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma voz que o tempo não arrebata, onde se exala um perfume que o vento não esparge, onde se saboreia uma comida que a sofreguidão não diminui, onde se sente um contacto que a saciedade não desfaz.
Eis o que amo, quando amo o meu Deus.”

Penso que esta passagem será a que melhor exemplifica o pensamento de Santo Agostinho, ou Agostinho de Hipona.

Ele foi o homem que inseriu as ideias platónicas na Igreja Cristã do Ocidente.

Santo Agostinho colocou na Igreja católica do Ocidente o conceito da elevação espiritual e da sabedoria, como o meio de chegar a Deus e à felicidade suprema.

Para Agostinho o mal não existia em si mesmo, o que existia era a ausência do bem que equivale ao nada, ou seja, se tudo o que é criado por Deus é bom (porque Deus só cria o bem), o mal não existe e tudo o que é mau não existe.

Agostinho procurava a verdade, utilizando a razão.

Numa altura em que o Império Romano do Ocidente se desmoronava a religião católica tinha sido aceite pelo imperador Constantino, o primeiro imperador cristão e fundador de Constantinopla, no Concílio de Niceia.

Para Agostinho, Deus revelou-se ao homem através do Verbo, sendo a Palavra tudo para Agostinho. É através da Palavra que Agostinho se aproxima de Deus e é através Dela, que quer aproximar o homem de Deus. O seu amor pelo Verbo poderá ter a ver com a circunstância de ter estudado gramática e eloquência, sendo um brilhante aluno, tornando-se mais tarde professor. Depois de ter lido a obra de Cícero, Hortensius, aprendeu a amar a filosofia e com a influência de Ambrósio, bispo de Milão, aproximou-se do cristianismo, com a obra de São Paulo converteu-se.

Embora Ambrósio seja o responsável pela aproximação de Agostinho à fé cristã, é interessante observar a diferente visão que tinham do meio de chegar a Deus. Se Ambrósio era um firme partidário da fé baseada na revelação, estando a sua posição ancorada na erudição e na referência recorrente aos clássicos gregos (uma visão do mundo que se estava a extinguir no séc. IV) desprezando a filosofia, Agostinho cria na filosofia para pensar criativamente no interior das crenças cristãs e dogmas da Igreja.

Ele é o criador da teoria do pecado original, Agostinho explica que o pecado original vem da fraqueza da alma (liberdade) e não do corpo, que já é impuro e imperfeito. Isto acontece porque Adão e Eva sucumbiram ao pecado, ao orgulho, ao amor-próprio e não amor de Deus. Assim sendo o pecado tem uma face hereditária e é da exclusiva responsabilidade do homem.

Sua mãe, Mónica, mais tarde canonizada e designada hoje por Santa Mónica, foi também de uma grande preponderância para a conversão de Agostinho ao cristianismo. Mónica era uma mulher extremamente devota para quem o facto de seu filho ser maniqueísta, ser uma razão para um sofrimento desmedido. Na altura da sua morte, disse a Agostinho que partia em paz pois sabia que o filho tinha obtido a salvação, através da conversão e baptismo.

Será importante também fazer um enquadramento histórico da era de Agostinho, pois Agostinho viveu numa era em que não só Roma declarava o cristianismo como a sua religião, mas também foi nesta altura, mais precisamente em 410, que os exércitos Godos comandados por Alarico, invadem Roma. Esta invasão serviu de pretexto para que os pagãos acusassem os cristãos por esta invasão, invocando a renúncia dos cristãos aos deuses clássicos como a causa da queda do Império, que há muito se vinha desmoronando.

Em Hipona Agostinho teve grande preocupação com as repressões que poderiam cair sobre os cristãos, centrando a defesa da Igreja católica contra a donatista. Foi nesta altura que Agostinho escreve uma das suas obras-primas, A Cidade de Deus, na qual defende a elevação da cidade espiritual (a de Deus) sobre cidade material (a do Homem).

Agostinho morre em 430, numa altura que a Hipona estava cercado pelas tropas de Genserico, e Roma tinha caído nas mãos dos povos bárbaros.

Como já escrevi Santo Agostinho acreditava que a razão e o pensamento filosófico, deveria ser a base da fé católica, só com estes pressupostos de poderia atingir Deus e consequentemente a felicidade.

A fórmula de Agostinho misturava filosofia, teologia e ontologia para obter um certo “espírito” que fala da actividade do homem no mundo e a sua relação com Deus. A sua fé embora firme não é cega, para isso ele usa a razão, para que através de um entendimento racional o homem consiga entender a natureza da sua relação com Deus. A mente, ou alma, como diz o pensamento agostiniano, é a ferramenta que Deus deu ao homem para O entender, e Agostinho pela primeira vez na história da humanidade faz essa viagem, da imanência psicológica à transcendência metafísica.

Seria importante nesta altura civilizacional, no Ocidente, que o homem buscasse neste santo algumas respostas e reflexões.

Numa altura em que no Ocidente se vive uma clara crise de valores e em que a cidade material se sobrepôs claramente à cidade espiritual, algo falhou no nosso mundo ocidental. A constante procura dos bens materiais a todo o custo, uma civilização que tende cada vez mais a confundir liberdade com direitos, deverá buscar em si uma profunda reflexão.

A civilização ocidental padece neste momento de uma enorme maleita, não apontarei o dedo ao consumismo directamente, mas no ocidente vive-se cada vez mais com o seguinte pensamento: “Se quero, tenho direito!”.

Temos de nos mentalizar que não temos o direito a tudo só porque o desejamos, não é só porque queremos algo que o temos de ter a toda a força. Este mal revela-se não só nos bens materiais, mas também nos imateriais.

Seria bom fazermos uma introspecção como nos pede Agostinho de Hipona, reflectir sobre o que necessitamos mesmo e o que é dispensável. Para isto a fórmula de Agostinho é hoje tão actual como o era no séc. V, baseado nos valores da bíblia e de Deus que são os pilares da civilização ocidental, fazermos uma viagem espiritual e perguntarmo-nos: “O que preciso mesmo para a minha felicidade?”.

Não andaremos a idolatrar falsos ídolos? Não estaremos embrulhados em muita coisa superficial? Não olhamos demais para nós e pouco para o mundo? Não desejamos muitas vezes algo que nos vai fazer deixar para trás a nossa verdadeira felicidade?

“ Ignorante, precipitava-me tão cegamente, que entre os companheiros da minha idade, me envergonhava de ser menos infame que eles. Ouvia-os jactarem-se de suas ignomínias e tanto mais se vangloriavam quanto mais depravados eram. Assim, praticava o mal não só pelo deleite da acção, mas ainda para ser louvado. (…) Se não cometesse pecado com que igualasse os mais corrompidos, fingia ter cometido o que não praticara, para que não parecesse mais abjecto quanto mais inocente, e mais vil quanto mais casto.”

Agostinho influenciou também grandes filósofos e pensadores como Nietzsche, Schopenhauer e Tomás de Aquino.
Este texto é escrito por um não-crente mas que gosta de pensar.

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Cuba

Um dos países que gostaria de visitar é sem dúvida alguma Cuba.

Porquê?

Pela paisagem magnífica, por ser um pedacinho de terra algo parado no tempo, por ter a melhor impressão das suas gentes, por me atrair de sobremaneira o modo como as suas gentes encaram a vida, também pela curiosidade de observar como vive um país num regime fechado e ditatorial e é hoje o único país do ocidente a deter um governo socialista.

Cuba foi a primeira região do Novo Mundo descoberta por Colombo, situada a norte do mar do Caribe tem uma história riquíssima, desde o domínio espanhol que acabou em 1898 com a ajuda dos EUA, que depois viriam a formar um governo militar na ilha, sendo finalmente erradicada da ilha a influência ianque em 1959 pelo Exército Rebelde, liderado por Fidel Castro. O país tem ainda uma grande história bélica com os EUA e episódios como a Baía dos Porcos ou a crise dos Mísseis, quando em plena Guerra Fria o Kremlin decidiu instalar em cuba mísseis nucleares bem apontados aos americanos.

Depois é claro quem não gostava de ficar a saber quais os segredos do rum cubano, dos charutos cubanos, visitar em Havana os clubes de salsa e Mambo, e ver as estradas onde circulam os belíssimos carros clássicos.

Se Havana vale mais pelas suas gentes, pela cidade em si, pelos sítios que há para beber e ouvir boa música, em suma para ter um contacto mais próximo com a cultura cubana, é em Varadero que se encontram as melhores praias e os melhores hotéis.

Em Havana visitar o Museu de História Natural, o Capitolio, o o Museo da Revolução e Pavilhão Granma, Plaza de la Revolución, visitar o night-club “La Zorra e lo Cuervo”, caminhar pela Malecon em Havana Velha, ver a Plaza de Armas, ver o Castilho da Real Fuerza, , , ir dançar boleros (ou pelo menos ver) no Pico Blanco e muitas mais coisas haveria para dizer e claro fazer. Há ainda a referir que Havana Vieja, o centro histórico da cidade, é considerado pela UNESCO como Património da Humanidade.

Em Varadero pode-se fazer mergulho, ski aquático e passeios de catamarã, no Grande Parque Nacional Península de Zapata toma-se conhecimento de uma fauna e flora de excepção, deve-se ir a Lagoa do Tesouro um pequeno paraíso ecológico, há também a visitar a Mansão Xarandu e visitar as pequenas cidades de Matanza e Cárdenas, ricas em tradições culturais.

Eis algumas razões e incentivos para eu e quem ler este artigo visitarmos Cuba.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Bobby

Fui hoje à biblioteca da Mealhada procurar um filmezito para ver e depois de muito procurar na prateleira lá me deparei com um que me chamou mais a atenção, chamado Bobby.

O elenco é luxuoso: Sir Anthony Hopkins, Christian Slater, Demi Moore, Laurence Fishburne, Helen Hunt etc… e sal.

O filme está próximo de ser um filme puzzle, mas não o é.

A obra decorre durante a eleição de Robert Kennedy como candidato dos democratas para a presidência dos EUA, onde nos é mostrado através das personagens os conflitos sociais e culturais de uma América a viver a sua mais importante década, os anos 60. Poder-se-ia dizer que o país vivia uma crise existencial, com as questões raciais e o Vietname a “pedir” a definição do país.

A acção do filme passa-se quase inteiramente no hotel Ambassador, onde a vida de brancos, negros, mexicanos, casais, amantes, reformados, drogados, deprimidos, enfim toda uma sociedade moderna, se cruza senão directamente acabarão por se cruzar indirectamente.

A acção do filme vai desaguar no assassinato de Robert Kennedy por Sirhan Sirhan (O motivo para assassinar Kennedy seria em retaliação pelo apoio americano a Israel na Guerra dos Seis Dias em 1967).

Os discursos de Robert Kennedy remetem-nos para o actual presidente, Obama. Um discurso assente na esperança, na fraternidade e acima de tudo a apontar um caminho que deveria, e deve, ser seguido.

O filme mostra-nos aquilo que a América podia ter sido e acabou por não ser. Os republicanos por Nixon acabariam por vencer as eleições em 1968.

O final do filme é para ver, rever e voltar a ver.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Leonardo da Vinci

Finalizei a leitura da Biografia de Leonardo da Vinci.

Leonardo foi considerado o grande génio da Renascença e é ainda hoje tido por muitos como o homem mais brilhante de todos os tempos.

Não me debruçarei sobre a sua obra, nem sobre as histórias e lendas por trás dos quadros como a Mona Lisa, Última Ceia, Sant'Ana a Virgem e o Menino ou a Virgem dos Rochedos deixarei aqui o registo de algumas das suas mais brilhantes frases.

"Estudar as manifestações da Natureza é trabalho que agrada a Deus. É o mesmo que orar."

"A figura mais louvável é a que, por sua acção, melhor transmite as paixões da alma."

" Quem pouco pensa, muito erra." Adoro esta, os nossos politicos deveriam sabê-la de cor.

" A felicidade está na actividade."

" Não se volta se a meta é a estrela."

" O pintor deve abranger todas as coisas. Ó artista, que a variedade do teu trabalho seja infinita como os fenómenos da natureza."

" Quanto mais se conhece - mais se aprecia."

" Artista - a tua força está na solidão."

" Que o teu trabalho seja perfeito para que mesmo depois da tua morte, ele permaneça."

" Quem não estima a vida não a merece."

" O artista que não duvida, consegue pouco."

" A lei suprema da arte é a representação do belo."

" Seja universal, goste de todas as coisas - jamias despreze a diversidade infinita das coisas e das suas formas."

" O maior prazer está na contemplação."

" Menosprezar-me, não, pois não sou pobre. Pobre é aquele que tem apenas desejos materiais."

" Pintor: deve haver tal emoção na fisionomia das criaturas que pintas, que o teu quadro pareça, ao observador, capaz de fazer os mortos rir e chorar."

" Pouco conhecimento faz com que as criaturas se sintam orgulhosas, muito faz com que se sintam humildes."

" O conhecimento torna a alma jovem e diminui a amargura da velhice. Colhe, pois, a sabedoria. Armazena suavidade para amanhã."

" O julgamento de um inimigo, é frequentemente, mais verdadeiro e benéfico que o de um amigo. O ódio dos homens é quase sempre mais profundo que o amor."

" Tenha cuidado que o afã do lucro não permaneça sobre a honra da arte."

" Quero fazer milagres."

" Não há nada que mais nos engane que a nossa própria opinião."

" Tudo o que é belo morre no homem, mas não na arte."

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os Filhos da Rua Arbat

Acabei à pouco de ler os Filhos da Rua Arbat, um livro obrigatório para quem quiser conhecer a vida e o poder na União Soviética nos anos 30, durante a industrialização intensiva da URSS.

O livro faz parte de uma trilogia sobre a implementação do terror na URSS por Estaline.

O livro mostra-nos a história de cidadões normais desde militares, a trabalhadores das fábricas e do Estado, até ao funcionamento da máquina do Partido nas mais altas esferas dando principal relevância ao comportamento de Estaline.

A história principal do livro é a de Sacha Pankratov, um jovem russo orgulhoso de fazer parte do Partido, que se vê em problemas primeiro por causa de um mural de um jornal da escola, depois por não ter denunciado um funcionário da escola por um comentário politico, sendo colocado no degredo por isso.

O livro mostra-nos as condições em que viviam os degredados na Sibéria, mostrando a injustiça do sistema comunista onde se podiam apanhar 20 anos de degredo ou até o fuzilamento por dizer mal da politica do Partido, apanhando-se penas de 2 e 3 anos por assassinios.

O livro está recheado de personagens tipo:

Sacha é um jovem cheio de valores, com grande paixão pelo Partido e por Estaline, que luta sempre por defender os mais fracos e que tem no seu tio Mark, um alto funcionário do Partido, um exemplo e inspiração.

Sofia Alieksandrovna a mãe de Sacha, sofre pê-lo degredo do filho que nunca sabe estar vivo e bem ou sequer onde se encontra. Sofia sofre não só pelo filho mas também para manter a sua casa, o marido abandono-a e não apoia sequer Sacha no degredo e sofre também a exclusão social a que os familiares dos degredados eram votados. Já tinha lido o livro de Maximo Gorki, A Mãe, e a verdade é que durante todas as revoluções são elas que mais sofrem com as desgraças em que caem os seus filhos, mas também conseguem sempre redescobrir-se a si próprias nestas alturas e lutar ao lado dos seus.

Varia a jovem rebelde e enamorada de Sacha, é uma jovem revoltada com a vida e que decide casar com um jogador de bilhar, Kostia, abandonando o seu lar e a sua irmão Nina. Vai viver para casa de Sofia com o seu marido, tornando-se o principal apoio de Sofia. Mais tarde separa-se de Kostia, entre brigas, dívidas e ameaças de morte, enamora-se por Sacha à distância e é Sofia que se torna o seu apoio.

Iura Charok é o oposto de Sacha na obra, é um jovem filho de alfaiate que quer subir na vida a todo o custo atropelando quem tiver de atropelar, inclusive amigos, rapaz sem principios éticos ou morais é sem surpresa que consegue subir dentro do sistema do Partido.

Muitas mais personagens haveria para discutir neste best seller, personagens essas que eram o retrato fiel da antiga União Soviética.


Ainda assim à que referir mais duas personagens politicas deste livro: Estaline e Kirov.


A descrição de Estaline e o seu modo de acção e pensamento estão fenomenais, Estaline tinha uma personalidade completamante arruinada por uma infância violenta e infeliz em Gori.


Era um homem para quem qualquer critica era uma oposição politica e uma tentativa de descredebilizá-lo, era manipulador e mesquinho e vivia em constante sobressalto porque sabia que não era a escolha de Lenine para o suceder à frente do Partido como fez crer a todos os russos.

O Georgiano não era dotado de grandes dotes oratórios como era Hitler, por exemplo, era sim um manipulador nato que conseguia mexer sempre os recursos disponíveis para conseguir os seus intentos, tanto através da burocracia como da violência.

Li o livro documental de Jonathan Fenby, A Aliança, e tinha ficado exatamente com esta mesma imagem de Estaline.

Estaline dizia quando tinha de tomar decisões dificeis: "Se morrerem milhões com a minha decisão não tem importância, a História dar-me-á razão".

Do outro lado do Partido aparece Kirov, o menino querido do Partido com uma personalidade completamente diferente de Estaline, amado na URSS e especialmente em Leninegrado, Kirov via o comunismo de uma perspectiva diferente de Estaline, via-o como Lenine via. Sim porque Estaline não via o comunismo como Lenine, ele usou a imagem de Lenine e deturpou a sua mensagem para justificar muitos dos seus actos.

Kirov era apontado como o sucessor natural de Estaline no poder.

Kirov acaba por morrer num atentado com contornos demasiado estranhos. No livro o atentado é planeado por Estaline para fjustificar a implementação na Russia da sua máquina de terror e repressão.

Na realidade desconfia-se que a morte de Kirov teria sido mesmo arquictetada por Estaline, como acontece no romance, pois com a morte de Kirov Estaline teve a justificação que tanto desejava para lançar a repressão e o terror na URSS, que sabia serem o único caminho para a sua perpetuação no poder.


Os Filhos da Rua Arbat foi o livro mais vendido na Russia durante a Perestroika.

A lenda de 1900

Venho escrever sobre um filme de Giuseppe Tornatore, o realizador de Cinema Paraiso, A lenda de 1900.

A história do filme é a de um menino abandonado num navio de cruzeiros pelos pais, que acaba por ser criado por um forneiro do navio.

1900, o nome da criança, cresce e torna-se adulto, demonstrando qualidades inatas para a música, mais propriamente o piano, passando toda a sua vida dentro do navio.

O filme é aconselhável apenas a pessoas que gostem muito de música.

O filme retrata a amizade entre 1900 e o trompetista da banda do navio, que anos mais tarde conta a história a todas as pessoas que se cruzam na sua vida.

O filme gira em torno da seguinte questão: será preferível viver dentro de um mundo finito onde as possibilidades se tornam infinitas, ou viver num mundo infinito com possibilidades finitas?

Quando 1900 está decidido a abandonar o navio, para conhecer o outro mundo, avista nas escadas do navio a cidade de Nova York o que o faz retroceder na sua intenção. Quando lhe perguntam porque voltou para trás, ele responde: "Vi onde começava a cidade, mas não vi onde acabava".

Mais tarde, quando o seu amigo o tenta convencer a abandonar o navio ele diz: "O que mais adoro é o meu piano, sei que tem exactamente 85 teclas (os mais recentes têm 88) das quais posso extrair infinito de músicas".

Se no início do filme ele nos diz: "Que se fodam os regulamentos!".

A meio do filme diz-nos:" Que se foda o Jazz!"

Deixo para quem ler esta critica, ou lá o que é isto, a interpretação destas frases e o seu sentido para o filme.

Há cenas BRUTAIS do filme como: 1900 a tocar piano na tempestade, o duelo com o rei do jazz e a bela perspectiva que Giuseppe Tornatore nos dá de um navio abandonado.

Foi dos filmes mais surpreendentes que vi ultimamente, com grandes interpretações de Tim Roth ( fez filmes como o Pulp Fiction, Cães Danados e Incrivel Hulk) e de Pruitt Taylor Vince.

Giuseppe Tornatore tem um modo muito especial de nos tocar e de criar cenas marcantes.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Uma desilusão chamada Sócrates

Ora vamos então falar um pouco de política.

Fui um grande apoiante de Sócrates nos seus 3 primeiros anos de governo e porquê?

Foi um primeiro ministro que fez o que outros não tiveram coragem de fazer, e ao contrário dos outros que lá passaram não governou para os votos.

Não importava o tamanho da manifestação, o ruído que se fazia, os berros e acusações de Louçãs e Jerónimos de Sousa, pela 1º vez neste país fizeram-se reformas a sério na função pública, na saúde, na energia, nas forças armadas, etc...

Concordei e concordo com todas elas, são dolorosas mas o país não podia nem pode continuar a gastar mais do que aquilo que tem e os meninos da função pública se não estão satisfeitos que vão para o privado que logo vêem como é que elas lhes mordem, sim porque eles fazem muitas manifestações, mas não vejo ninguém a demitir-se do público para passar para o privado. Porque será?

Na saúde havia hospitais, urgências e centros de saúde que serviam para atender 5 a 6 pessoas por dia.

Na energia, finalmente temos um plano que vai fazer com que Portugal corte na despesa externa cerca de 40% daqui a alguns anos, e ainda poderemos exportar mão de obra especializada, assim como componentes industriais.

Quanto ás forças armadas nem vale a pena falar.

Depois ouve ainda mais bom trabalho feito, o aeroporto de Alcochete que depois de muitas confusões lá vai avançar, a informatização dos serviços estatais, que vai reduzir em muito a burocracia no Estado e vamos ficar por aqui para já.

Depois ouve algumas medidas que não entendi: a avaliação dos professores, ainda não consegui fazer um julgamento se é boa ou má, e o facto de ainda não se ter começado a cobrar as Scuts, porque sou a favor do utilizador/pagador, uma pessoa que viva no interior e que não usufrua de uma auto-estrada não tem o dever de estar a pagá-la se não usufrui dela.

Depois temos coisas como o Magalhães, que poderia ser uma ideia genial e pioneira no mundo, mas à boa maneira portuguesa os responsáveis transformaram-na numa anedota.

Neste último ano de crise, quando precisávamos de um Sócrates forte e de um líder, eis que Sócrates começa a governar para as eleições, a tentativa de salvação de todas as empresas, viáveis ou não-viáveis. Se o salvamento do BPN foi uma boa solução para evitar o pânico, o caso BPP é outra anedota, 5 meses depois e com milhares de milhões já gastos no banco o governo diz-nos:"AINDA ESTAMOS A ESTUDAR A MELHOR SOLUÇÃO".

Depois há as grandes obras, e se já me manifestei a favor do novo aeroporto (quer queiram ou não o avião é o transporte do futuro), o TGV neste momento é impensável devido à desequilibrada balança comercial portuguesa, já agora quando é que se vai fazer alguma coisa com os nossos caminhos de ferro que podiam ser aproveitados para tantos fins, a nova ponte sobre o Tejo, é estar a dizer aos portugueses, mais uma vez, que Lisboa é que é a prioridade, e a nova auto-estrada Lisboa/Porto é mais do mesmo, continuamos a encher o país de alcatrão quando já temos cerca de 600 km(!!!!), de auto-estrada a mais neste cantinho aqui à beira do Atlântico.

Como diria Manuela Ferreira Leite: " As grandes obras são boas é para as economias do Leste e de África", mas alguém consegue refutar esta afirmação?

Gostaria de levantar outro problema que ainda ninguém levantou em relação ás obras públicas: todos sabemos que em Portugal há sempre derrapagens em relação aos orçamentos iniciais das obras, já imaginaram as derrapagens que haveriam com estas obras e os seus resultados para o país?

Entretanto temos o novo código penal que só serviu para libertar espaço e despesa nas cadeias portuguesas, o país está cada vez mais perigoso, ninguém faz nada quanto à emigração ilegal e continuam a dizer-nos que vivemos num país seguro. - MAS JULGAM QUE NEM OLHOS TEMOS?!

Entretanto a Portugal já chegaram líderes das máfias das favelas brasileiras e ninguém se preocupa minimamente com isto.

Uma reforma na justiça é urgente neste país e parece que só um partido se interessa por isso, o CDS. A justiça forte é o primeiro passo que se tem de tomar para pôr um travão na corrupção, na criminalidade, nas desigualdades sociais e para que o país se torne mais atrativo para grandes empresas estrangeiras.

Há também o desemprego a crescer e a economia a descer, mas isso faz parte da crise internacional e basta olhar aqui para Espanha para ver-mos que podia-mos estar pior e só não estamos porque nos primeiros 3 anos de governo o défice foi controlado e fizeram-se algumas reformas importantes para o país.

Por fim o PS ainda nos saca este candidato ás Europeias, Vital Moreira. É verdade que calaram a ala mais à esquerda do partido, alguém ouviu mais o poeta Manuel Alegre, pois é depois desta nomeação amansaram o homem. Mas sejamos justos, Vital Moreira é o que o PS tem para nos representar na Europa? Meu Deus.

O pior é que depois olho para os lados e o que acontece:

PSD- Ultimamente tenho gostado de ouvir falar Ferreira Leite, tem sido bastante ponderada e com os pés bem assentes na terra e quanto à sua honestidade nem vale a pena falar, o problema é que ela já esteve no governo e não tem coragem para fazer o que o país mais precisa, REFORMAS, basta ver o governo do Zé Manuel.

PNR- Cheira-me que vão crescer nas próximas legislativas.

BLOCO- Têm o condão de me irritar, são populistas até à medula e vão ser sempre um partido do contra, essa é a sua génese não há volta a dar. Já nem vale a pena mencionar as ideias Trotskistas do Louçã.

PCP- Palavras para quê, os camaradas têm as mesmas ideias hoje que tinham à 10, 20, 30 40... anos atrás.

Ora vejam lá o que me sobra...

CDS- O Paulinho das feiras, o defensor dos pensionistas, dos agricultores e não sei quem mais, mas também os únicos com vontade de fazer reformas a sério no país, a começar pela justiça.

Pois é infelizmente estamos votados a escolher entre o mau e o menos mau.

Havemos de nos aguentar como sempre nos aguentámos, pobres, felizes, resmungões, a viver acima das nossas possibilidades e a colocar sempre a culpa no governo.

Não temos pão, comemos brioches.

Autocarro 174

Vi há poucos dias um filme brasileiro o qual gostei bastante, decidindo assim escrever algumas linhas aqui.

O filme é o autocarro 174.

A história gira à volta de 2 meninos de uma favela do Rio de Janeiro. Um é tirado à mãe por um traficante a quem a mãe devia dinheiro, o outro tem a mãe assassinado quando criança.

A história destas duas crianças cruzam-se na sua juventude, onde nasce uma amizade e ao mesmo tempo uma rivalidade.

A história vai acabar no sequestro de um autocarro por parte de um deles.

Este sequestro é baseado na história verídica que em 2000 chocou o Brasil e que foi mais um despertar de consciência para os brasileiros, que não podem continuar a ignorar a tragédia social e criminal que se apodera de algumas das suas cidades.

O realizador Bruno Barreto, aproveita este acontecimento para mostrar a realidade crua da vida destes meninos de rua. Se por um lado a vida lhes prega muitas rasteiras, eles também muitas vezes preferem não aproveitar quando a mesma vida lhes dá a mão para os tirar do buraco.

Durante o filme pode-se ver a facilidade com que matam, roubam e se auto-destroem, e se por um lado conseguimos ter pena destes seres humanos que sangram como nós, por outro não conseguimos encontrar justificação para matarem por causa de uma simples carteira.

O filme além de me deixar a pensar na sorte que tive em nascer onde nasci e ter a família que tenho, também me trouxe o pensamento que se muitas vezes existem problemas sociais que justificam os actos de certas pessoas, outras vezes esses problemas sociais são apenas uma desculpa fácil para premir o gatilho.

sábado, 2 de maio de 2009

Como muitos que me conhecem sabem, um dos meus gostos é a música, em especial o rock.

Uma das minhas bandas favoritas são os Guns N' Roses, tanto os velhos Guns como os novos.

Tentarei fazer uma crítica ao tão esperado, criticado, odiado e adorado álbum dos Guns, Chinese Democracy.

Chinese Democracy é um álbum que vem mais no seguimento dos Illusions do que propriamente um novo Appetite for Destruction, ou seja, é a continuação da obra discográfica dos Guns n' Roses.

Axl Rose sempre disse que queria fazer um som novo e continuar a evolução da sonoridade da banda, aliás se assim não fosse provavelmente Slash e Duff ainda fariam parte dos Guns.

Devido a ser um álbum mais heterogéneo do que homogéneo, a variedade de estilos é muito grande dentro da obra, mantendo-se o hard rock como a base do som dos Guns. Por este facto, farei a critica das músicas individualmente.

1- Chinese Democracy- o single de estreia deste álbum, uma música rápida e com um riff cativante, a música foi muito bem trabalhado a nível de guitarras e é impossível ficar-se indiferente quando se ouve. O solo está muito bem composto e a linha de bateria muito energética, a fazer lembrar mais o Steven Adler do que o Matt Sorum, algo que se mantém durante todo o cd.
É uma música à Guns sem dúvida e onde só faz sentido ser cantada com a voz do Axl.

2- Schackler's Revenge-Outra música bem hard, embora se note claramente que há a preocupação de fazer algo diferente com o som. Os sintetizadores e overdubs são colocados bastante bem na música, o riff embora não tão cativante como na primeira música é bastante bom, assim como o refrão ser bastante pegajoso e poder resultar muito bem ao vivo.
Fica a nota, que para mim, esta música seria muito melhor trabalhada nas mãos dos antigos guns.

3- Better- Para mim a melhor música deste álbum, guitarras bem puxadas, solos muito bons, a voz do Axl perfeita, uma bateria a dar um ritmo bem heavy à música e uma série de indirectas na letra que podem ser entendidas de várias formas. Eis o refrão: "No one ever told me when /I was alone/They just thought I'd know better better"
Alguns versos: "Just use your head/ And in the end/ You'll find your inspiration/To choose your steps /And won't regret/ This kind of aggravation".
Por esta música valeu bem a espera.

4- Street of Dreams- Uma balada à Elton John, piano a abrir, uma letra que fala de sofrimento, uma guitarra bem melódica e a voz do Axl a dar um sentimento ainda maior à canção. Se puder comparar com outras músicas dos Guns, penso que a So Fine é a que mais se aproxima.
A letra provavelmente terá como inspiração o final da relação do Axl com a Stephanie Seymour.
Mais uma vez os old guns poderiam ter melhorado bastante a música, o Matt com a sua bateria mais pesada melhorava sempre as baladas, o baixo do Duff poderia dar uma interacção diferente com a introdução de piano.

5- If the World- Eis a música mais "estranha" destes Guns. Há quem adore esta música, há quem deteste, eu ainda não fiz o meu julgamento musical desta música.
Uma mistura de flamengo, com piano, com rock e com a voz esganiçada do Axl a exorciçar fantasmas. Fica a questão:"If the world would end today/And all the dreams we've had would all just drift away?".
Se o nosso mundo acaba-se como reagiríamos?
Esta música, provavelmente, seria uma grande desbunda com o Izzy e o Slash a tocar.

6- There Was a Time- Simplesmente não consigo descrever esta música, para mim é genial.
Mais uma vez seria uma música impensável de cômpor pela antiga formação-
A música está qualquer coisa de assombrosa, desde o inicio até ao belíssimo solo final(cada vez que ouço a introdução para este solo arrepio-me).
Ouçam.

7-Catcher N' The Rhye- Pois é, o livro que Mark Chapman leu antes de matar John Lennon. Curiosamente é também o livro que fascina Mel Gibson no filme a teoria da conspiração.
Esta música é adorada por muitos fãs, eu pessoalmente não sou grande fã desta música, embora seja bastante agradável de ouvir, no entanto perde-se num final que a banda quereria grandioso, mas que acaba por lhe retirar a sua beleza, pois o carácter simples desta música é o que mais me cativa.
Penso que seria uma música a que os antigos Guns dariam um toque de grandiosidade.

8 e 9 - Scraped e Rhiad N' the Bedouins - Faço a critica destas músicas juntas porque são as duas de rock industrial, e como não gosto de rock industrial não gosto das respectivas músicas. Embora admita que para os fãs do género, as músicas possam estar boas.
Ainda assim as letras estão muito boas e se a Scraped é sobre a determinação do Axl em fazer aquilo que quer, independentemente das opiniões contrárias, a Rhiad N' the Bedouins parece ser contra o Slash e os seus seguidores, ou poderá ser entendida como sendo contra todos os que tentaram meter abaixo Chinese Deomocracy, antes dele sair para o mercado.

10- Sorry- Grande música, uma balada à guns, grande solo, vozes muito bem colocadas, Sebastian Bach a cantar com o Axl e um sem número de farpas lançadas em todas as direcções. Adoro esta música e não há muito mais a dizer.

11- IRS - Grande malho de Hard Rock. É uma música à Guns.
Esta música resulta muito melhor ao vivo do que no álbum e só faz sentido ser ouvida se cantada pelo sr. Axl Rose.
Quem gosta de Hard Rock tem de ouvir esta, mas é exactamente por ser Hard Rock, que desconfio que seria ainda melhor, se feita pelos antigos Guns.

12- Madagascar- Mais uma música que parece desenhada para um daqueles épicos de Hollywood, tipo Breaveheart.
A música tem um começo estrandoso, muito bom mesmo, a junção entre as guitarras e o orgão está muito bem feita, tem vozes de filmes, discursos de Marin Luther King e um final muito bom, que apetece cantar a plenos pulmões.
No entanto, parece faltar algo a esta música que a tornaria num clássico, o quê? Não sei. Mas é essa a sensação que tenho. Não consigo a entender se a música sofre por ter tido uma pós-produção muito grande, ou se por ter tido uma pós-produção muito pequena.

13- This I Love- Para muitos fãs é a melhor música do álbum. É uma daquelas baladas à Axl Rose, com uma letra ao nível da estranged ou november rain e com um belíssimo solo de guitarra, que nem o Slash conseguiria compôr melhor.
Com um magnífico piano a acompanhar a voz do senhor Axl Rose e com a voz do senhor a dar aquela alma à música, a canção não poderia estar mais bem conseguida.

14- Prostitute- O final perfeito que poderia ser o inicio perfeito, a música é a junção dos antigos guns com os novos, uma linha de baixo e de bateria muito boas, com um flow de piano a agarrar-nos à música, as guitarras a fazer-nos lembrar que isto é Guns N' Roses e com o Axl a explicar que teria sido mais simples seguir o caminho mais fácil para a sua carreira, no entanto preferiu não se prostituir como outros fizeram.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vera Drake

Confesso que não sou um grande fã de cinema alternativo, perdão, nem costumo fazer distinção entre cinema alternativo e cinema mais comercial, ou Hollywoodesco como diriam alguns.

Um dos últimos filmes que vi foi um chamado filme alternativo, de seu nome Vera Drake.

O filme é um drama passado na Inglaterra do principio os anos 50, que retrata a história de Vera Drake, uma mulher feliz com a vida, feliz com a sua família e respeitada pela comunidade, que leva uma vida paralela a fazer abortos clandestinos, ou como ela diz:"A ajudar rapariguinhas em apuros".

Vera vê-se em apuros quando a policia lhe bate à porta e a confronta com os seus crimes, tendo de contar as suas actividades à familia.

Em paralelo à história de Vera decorre a história de Susan, uma menina rica que é violada pelo namorado e que recorre aos médicos para fazer o aborto.

O filme é da realização de Mike Leigh, que tem uma maneira peculiar de trabalhar com os actores.

Normalmente os actores não sabem como se vai desenrolar a história da sua personagem, apenas sabem os traços gerais das suas personagens.

Ele coloca os actores a ensaiar as suas partes, mas apenas as suas partes, na cena em que Vera está com a familia e a policia lhe bate à porta, nenhum dos actores sabia quem estava do outro lado da porta, as suas reacções tiveram de ser improvidas para a cena em questão.

Resumindo ele trabalha as linhas gerais das personagens até o actor a ter a personagem bem enraizada, captando depois as emoções das personagens quando estas são confrontadas com um pedaço da história do filme.

Para mim foi uma óptima experiência ver este filme e ver como é colocada a questão do aborto nas suas bases legais contra as suas bases morais.

Vera Drake é uma personagem muito bem construída, e embora não seja uma história veridica, concerteza que terá acontecido com muitas mulheres em todo o mundo.

O filme foi distinguido, entre outros prémios, com o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza.

Malvado Sumo

Este é o grande porquê, e eu vou tentar explicar, embora me pareça que irei fazê-lo com pouco sucesso. Para este meu negativismo há umas permissas importantes, como por exemplo o facto de estar a escrever estando a trabalhar, e não pensem vocês que as 6 horas que passo a dormir aqui na estalagem durante a noite me ajuda, porque o colchão é muito duro e estou com as costas que já não posso.

Depois há também o facto de esta questão não ter uma resposta convincente, mas se o Sócrates consegue-nos convencer que o TGV é preciso, e se o Pinto da Costa consegue convencer os portistas que anda a ser perseguido e que nunca fez nenhuma falcatrua, eu também vou responder a isto.

Ora o sumo de laranja é a expressão máxima na sociedade actual, da estupidez de quem o pede e da esperteza (no mau sentido) de quem o vende.

Quem pede um sumo de laranja, normalmente fá-lo porque é chique, porque faz bem à saúde e depois de o tomar levanta-se e vai lá fora fumar um cigarro, ou então porque simplesmente apetece um bocadinho de vitamina c contra o escorbuto, e há também quem ande a tentar provar que a vitamininha C é boa contra a esquizofrenia (ele há com cada um...).

Há algumas perguntas que se impõem neste momento a esta gente:

Vocês acreditam que o empregado vai estar a espremer umas 7 ou 8 laranjas e depois ainda vai passá-lo pros meninos beberem o vosso suminho?

Vocês não sabem que aquilo é metade de sumo de laranja natural e o resto é um concentrado qualquer do Lidl?

E isto é com muita sorte, porque em alguns casos bebem só concentrado.

Então vocês vão pagar 4 ou 5€ por isto?

Pois é, quem é que é mais chico-esperto o empregado ou o paladino da boa saúde?

Cá está esta questão que tanto me apoquenta, o sumo de laranja natural foi transformado por estes porcos neo-liberais em mais uma mercadoria, e num símbolo de posse pelos novos ricos.

Eu avisei que a justificação para o titulo não ia ser grande coisa, agora a pergunta que se impõem:
Quem é mais idiota, o gajo que escreveu isto ou o que perdeu tempo a ler?

Lanço desde já o aviso que o excesso de vitamina C causa diarreia.

Dostóievski- Crónicas do Subterrâneo

Tentarei fazer pequenos resumos de livros que li ou que estou a ler, dando uma perspectiva mais pessoal da obra.

Este foi um livro que li à cerca de 3 semanas, foi o meu segundo livro de Dostóievski e tenho de dizer que pensava ir encontrar nos dois livros que li dele um artista pesado, mas não. Tenho a revelar que é uma literatura, que embora profunda, é de uma leveza que nos leva a devorar o livro. O livro de Dostóievski que li antes das Crónicas do Subterrâneo foi O Jogador.

Dostóievski é considerado como o primeiro escritor existencialista. E o que é o existencialismo?

O existencialismo é uma corrente filosófica que destaca a liberdade de cada homem, as suas responsabilidades e a sua subjectividade. No existencialismo o homem é responsabilizado pelos seus actos e consequentemente pelo seu destino.

Nas Crónicas do Subterrâneo (CS) Fiodor Dostóievski (FD) leva-nos ao mundo de um homem amargurado com a sua vida, embora durante todo o livro ele mostrar que sabe o porquê da sua amargura e desilusão. E a resposta a esse porquê, está nos seus actos.

Na primeira parte do livro a personagem tenta mostrar a sua visão particular do mundo, aquilo que o apoquenta e as suas fraquezas, tentando por um lado, arranjar desculpa para os seus actos e para a sua situação, por outro lado acaba sempre por demonstrar que a responsabilidade pela sua situação actual é toda sua.

Impressionou-me o facto de muitas das situações descritas pela personagem (que não tem nome), conseguir fazer-me pensar que já passei por algumas daquelas situações e a pensar as mesmas coisas.

Na segunda parte o homem sai do subterrâneo e entra no mundo real, o seu mundo, onde nos apercebe-mos que ele é incapaz de amar, incapaz de fazer amizades, infeliz com o seu trabalho, desonesto com o seu criado, que tem de comprar a comida para a casa com o seu ordenado, e cruel com a mulher que ama.

Este anti-herói tem todos estes defeitos, mas sabe que os tem e que paga bem caro por eles, e embora tente culpar os outros pela sua desgraça, acaba sempre por se consciencializar que é ele com os seus actos, que cava a sua própria sepultura.

Da segunda parte destaco a hilariante cena do restaurante, sim porque FD consegue sempre usar uma linguagem humorística, um comedy relief bem particular, nesta sua obra.

Esta devia ser uma obra obrigatória nesta sociedade onde a culpa dos nossos actos é sempre dos outros: amigos, desemprego, exclusão social...