quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os Filhos da Rua Arbat

Acabei à pouco de ler os Filhos da Rua Arbat, um livro obrigatório para quem quiser conhecer a vida e o poder na União Soviética nos anos 30, durante a industrialização intensiva da URSS.

O livro faz parte de uma trilogia sobre a implementação do terror na URSS por Estaline.

O livro mostra-nos a história de cidadões normais desde militares, a trabalhadores das fábricas e do Estado, até ao funcionamento da máquina do Partido nas mais altas esferas dando principal relevância ao comportamento de Estaline.

A história principal do livro é a de Sacha Pankratov, um jovem russo orgulhoso de fazer parte do Partido, que se vê em problemas primeiro por causa de um mural de um jornal da escola, depois por não ter denunciado um funcionário da escola por um comentário politico, sendo colocado no degredo por isso.

O livro mostra-nos as condições em que viviam os degredados na Sibéria, mostrando a injustiça do sistema comunista onde se podiam apanhar 20 anos de degredo ou até o fuzilamento por dizer mal da politica do Partido, apanhando-se penas de 2 e 3 anos por assassinios.

O livro está recheado de personagens tipo:

Sacha é um jovem cheio de valores, com grande paixão pelo Partido e por Estaline, que luta sempre por defender os mais fracos e que tem no seu tio Mark, um alto funcionário do Partido, um exemplo e inspiração.

Sofia Alieksandrovna a mãe de Sacha, sofre pê-lo degredo do filho que nunca sabe estar vivo e bem ou sequer onde se encontra. Sofia sofre não só pelo filho mas também para manter a sua casa, o marido abandono-a e não apoia sequer Sacha no degredo e sofre também a exclusão social a que os familiares dos degredados eram votados. Já tinha lido o livro de Maximo Gorki, A Mãe, e a verdade é que durante todas as revoluções são elas que mais sofrem com as desgraças em que caem os seus filhos, mas também conseguem sempre redescobrir-se a si próprias nestas alturas e lutar ao lado dos seus.

Varia a jovem rebelde e enamorada de Sacha, é uma jovem revoltada com a vida e que decide casar com um jogador de bilhar, Kostia, abandonando o seu lar e a sua irmão Nina. Vai viver para casa de Sofia com o seu marido, tornando-se o principal apoio de Sofia. Mais tarde separa-se de Kostia, entre brigas, dívidas e ameaças de morte, enamora-se por Sacha à distância e é Sofia que se torna o seu apoio.

Iura Charok é o oposto de Sacha na obra, é um jovem filho de alfaiate que quer subir na vida a todo o custo atropelando quem tiver de atropelar, inclusive amigos, rapaz sem principios éticos ou morais é sem surpresa que consegue subir dentro do sistema do Partido.

Muitas mais personagens haveria para discutir neste best seller, personagens essas que eram o retrato fiel da antiga União Soviética.


Ainda assim à que referir mais duas personagens politicas deste livro: Estaline e Kirov.


A descrição de Estaline e o seu modo de acção e pensamento estão fenomenais, Estaline tinha uma personalidade completamante arruinada por uma infância violenta e infeliz em Gori.


Era um homem para quem qualquer critica era uma oposição politica e uma tentativa de descredebilizá-lo, era manipulador e mesquinho e vivia em constante sobressalto porque sabia que não era a escolha de Lenine para o suceder à frente do Partido como fez crer a todos os russos.

O Georgiano não era dotado de grandes dotes oratórios como era Hitler, por exemplo, era sim um manipulador nato que conseguia mexer sempre os recursos disponíveis para conseguir os seus intentos, tanto através da burocracia como da violência.

Li o livro documental de Jonathan Fenby, A Aliança, e tinha ficado exatamente com esta mesma imagem de Estaline.

Estaline dizia quando tinha de tomar decisões dificeis: "Se morrerem milhões com a minha decisão não tem importância, a História dar-me-á razão".

Do outro lado do Partido aparece Kirov, o menino querido do Partido com uma personalidade completamente diferente de Estaline, amado na URSS e especialmente em Leninegrado, Kirov via o comunismo de uma perspectiva diferente de Estaline, via-o como Lenine via. Sim porque Estaline não via o comunismo como Lenine, ele usou a imagem de Lenine e deturpou a sua mensagem para justificar muitos dos seus actos.

Kirov era apontado como o sucessor natural de Estaline no poder.

Kirov acaba por morrer num atentado com contornos demasiado estranhos. No livro o atentado é planeado por Estaline para fjustificar a implementação na Russia da sua máquina de terror e repressão.

Na realidade desconfia-se que a morte de Kirov teria sido mesmo arquictetada por Estaline, como acontece no romance, pois com a morte de Kirov Estaline teve a justificação que tanto desejava para lançar a repressão e o terror na URSS, que sabia serem o único caminho para a sua perpetuação no poder.


Os Filhos da Rua Arbat foi o livro mais vendido na Russia durante a Perestroika.

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