quinta-feira, 30 de abril de 2009

Vera Drake

Confesso que não sou um grande fã de cinema alternativo, perdão, nem costumo fazer distinção entre cinema alternativo e cinema mais comercial, ou Hollywoodesco como diriam alguns.

Um dos últimos filmes que vi foi um chamado filme alternativo, de seu nome Vera Drake.

O filme é um drama passado na Inglaterra do principio os anos 50, que retrata a história de Vera Drake, uma mulher feliz com a vida, feliz com a sua família e respeitada pela comunidade, que leva uma vida paralela a fazer abortos clandestinos, ou como ela diz:"A ajudar rapariguinhas em apuros".

Vera vê-se em apuros quando a policia lhe bate à porta e a confronta com os seus crimes, tendo de contar as suas actividades à familia.

Em paralelo à história de Vera decorre a história de Susan, uma menina rica que é violada pelo namorado e que recorre aos médicos para fazer o aborto.

O filme é da realização de Mike Leigh, que tem uma maneira peculiar de trabalhar com os actores.

Normalmente os actores não sabem como se vai desenrolar a história da sua personagem, apenas sabem os traços gerais das suas personagens.

Ele coloca os actores a ensaiar as suas partes, mas apenas as suas partes, na cena em que Vera está com a familia e a policia lhe bate à porta, nenhum dos actores sabia quem estava do outro lado da porta, as suas reacções tiveram de ser improvidas para a cena em questão.

Resumindo ele trabalha as linhas gerais das personagens até o actor a ter a personagem bem enraizada, captando depois as emoções das personagens quando estas são confrontadas com um pedaço da história do filme.

Para mim foi uma óptima experiência ver este filme e ver como é colocada a questão do aborto nas suas bases legais contra as suas bases morais.

Vera Drake é uma personagem muito bem construída, e embora não seja uma história veridica, concerteza que terá acontecido com muitas mulheres em todo o mundo.

O filme foi distinguido, entre outros prémios, com o Leão de Ouro do Festival de Cinema de Veneza.

Malvado Sumo

Este é o grande porquê, e eu vou tentar explicar, embora me pareça que irei fazê-lo com pouco sucesso. Para este meu negativismo há umas permissas importantes, como por exemplo o facto de estar a escrever estando a trabalhar, e não pensem vocês que as 6 horas que passo a dormir aqui na estalagem durante a noite me ajuda, porque o colchão é muito duro e estou com as costas que já não posso.

Depois há também o facto de esta questão não ter uma resposta convincente, mas se o Sócrates consegue-nos convencer que o TGV é preciso, e se o Pinto da Costa consegue convencer os portistas que anda a ser perseguido e que nunca fez nenhuma falcatrua, eu também vou responder a isto.

Ora o sumo de laranja é a expressão máxima na sociedade actual, da estupidez de quem o pede e da esperteza (no mau sentido) de quem o vende.

Quem pede um sumo de laranja, normalmente fá-lo porque é chique, porque faz bem à saúde e depois de o tomar levanta-se e vai lá fora fumar um cigarro, ou então porque simplesmente apetece um bocadinho de vitamina c contra o escorbuto, e há também quem ande a tentar provar que a vitamininha C é boa contra a esquizofrenia (ele há com cada um...).

Há algumas perguntas que se impõem neste momento a esta gente:

Vocês acreditam que o empregado vai estar a espremer umas 7 ou 8 laranjas e depois ainda vai passá-lo pros meninos beberem o vosso suminho?

Vocês não sabem que aquilo é metade de sumo de laranja natural e o resto é um concentrado qualquer do Lidl?

E isto é com muita sorte, porque em alguns casos bebem só concentrado.

Então vocês vão pagar 4 ou 5€ por isto?

Pois é, quem é que é mais chico-esperto o empregado ou o paladino da boa saúde?

Cá está esta questão que tanto me apoquenta, o sumo de laranja natural foi transformado por estes porcos neo-liberais em mais uma mercadoria, e num símbolo de posse pelos novos ricos.

Eu avisei que a justificação para o titulo não ia ser grande coisa, agora a pergunta que se impõem:
Quem é mais idiota, o gajo que escreveu isto ou o que perdeu tempo a ler?

Lanço desde já o aviso que o excesso de vitamina C causa diarreia.

Dostóievski- Crónicas do Subterrâneo

Tentarei fazer pequenos resumos de livros que li ou que estou a ler, dando uma perspectiva mais pessoal da obra.

Este foi um livro que li à cerca de 3 semanas, foi o meu segundo livro de Dostóievski e tenho de dizer que pensava ir encontrar nos dois livros que li dele um artista pesado, mas não. Tenho a revelar que é uma literatura, que embora profunda, é de uma leveza que nos leva a devorar o livro. O livro de Dostóievski que li antes das Crónicas do Subterrâneo foi O Jogador.

Dostóievski é considerado como o primeiro escritor existencialista. E o que é o existencialismo?

O existencialismo é uma corrente filosófica que destaca a liberdade de cada homem, as suas responsabilidades e a sua subjectividade. No existencialismo o homem é responsabilizado pelos seus actos e consequentemente pelo seu destino.

Nas Crónicas do Subterrâneo (CS) Fiodor Dostóievski (FD) leva-nos ao mundo de um homem amargurado com a sua vida, embora durante todo o livro ele mostrar que sabe o porquê da sua amargura e desilusão. E a resposta a esse porquê, está nos seus actos.

Na primeira parte do livro a personagem tenta mostrar a sua visão particular do mundo, aquilo que o apoquenta e as suas fraquezas, tentando por um lado, arranjar desculpa para os seus actos e para a sua situação, por outro lado acaba sempre por demonstrar que a responsabilidade pela sua situação actual é toda sua.

Impressionou-me o facto de muitas das situações descritas pela personagem (que não tem nome), conseguir fazer-me pensar que já passei por algumas daquelas situações e a pensar as mesmas coisas.

Na segunda parte o homem sai do subterrâneo e entra no mundo real, o seu mundo, onde nos apercebe-mos que ele é incapaz de amar, incapaz de fazer amizades, infeliz com o seu trabalho, desonesto com o seu criado, que tem de comprar a comida para a casa com o seu ordenado, e cruel com a mulher que ama.

Este anti-herói tem todos estes defeitos, mas sabe que os tem e que paga bem caro por eles, e embora tente culpar os outros pela sua desgraça, acaba sempre por se consciencializar que é ele com os seus actos, que cava a sua própria sepultura.

Da segunda parte destaco a hilariante cena do restaurante, sim porque FD consegue sempre usar uma linguagem humorística, um comedy relief bem particular, nesta sua obra.

Esta devia ser uma obra obrigatória nesta sociedade onde a culpa dos nossos actos é sempre dos outros: amigos, desemprego, exclusão social...