Decidi ler a biografia de Nietzsche e uma parte da sua obra acima de tudo porque adoro a sua obra: " O Anticristo", embora a sua restante obra não me diga muito.
Nietzsche além das questões filosóficas tinha também grande interesse por questões musicais, era um enorme admirador da música de Wagner sendo também um grande amigo seu, mais tarde iria chatear-se como Wagner e criticar muito o seu trabalho.
Devido a uma infância complicada não se consegue adaptar à sociedade, algo que lhe iria ser útil mais tarde para a sua obra.
Sendo um aluno brilhante, tinha como autores preferidos Platão, Shakespeare, Byron e Rosseau, no inicio da sua obra a sua maior influência é de Schopenhauer.
Nietzsche abre-se paras a filosofia através de Schopenhauer, fascinado com o seu inquebrável compromisso com a verdade. Nietzsche partilhava com Schopenhauer o pessimismo metafísico, segundo o qual a vontade está sempre em sofrimento devido à insatisfação dos desejos. Segundo o filósofo, a música enquanto arte global era uma das possibilidades de consolar este sofrimento humano.
Durante a sua adolescência Nietzsche começou a sentir problemas de saúde, problemas esses que se iria intensificar a até ao fim da sua vida, impedindo-o de trabalhar nos últimos anos da sua vida, Nietzsche tinha uma saúde débil e sofria de constantes dores de cabeça.
Niezsche foi professor de filologia em Basileia durante dez anos, altura em que frequentava a casa de Wagner que considerava ser um artista global cuja obra extinguiria a decadência que o espirito ocidental tinha sofrido desde o final da Grécia clássica.
A 2 de Maio de 1880 Nietzsche renúncia ao seu lugar de professor na universidade de Basileia, devido ás constantes enxaquecas que já não lhe permitiam leccionar.
Em 1889 finda a sua vida intelectual.
De 1894 a 1900 é sua irmã que toma conta dele, falecendo em 1900.
A sua irmã uma nacionalista anti-semita funda o Nietzsche- archiv, fazendo de Nietzsche o prova de uma nova e grande Alemanha. Esta manipulação da obra de Nietzsche iria culminar com a eleição do partido nazi em 1934 ao poder.
Nietzsche, Wagner e Schopenhauer foram artistas conotados ao partido Nazi, visto Hitler ser admirador destes artistas.
Compreende-se a fácil manipulação da obra de Nietzsche, que defendia que os homens deveriam ser governados por uma grande força ou um grande homem, ele defendia que havia homens fracos e que os mais fortes não deveriam preocupar-se com os outros, não devia haver qualquer tipo de misericórdia ou pena destes.
Quando Nietzsche falava no sentido moral, dizia que para que o individuo molde o seu comportamento ás necessidades da sociedade, pode e deve ser utilizada a coacção, por vezes a voz autoritária da comunidade que ganha a forma de consciência.
Em 1872 pública a Origem da Tragédia, que revela o contraste entre a cultura grega anterior e posterior a Sócrates, menosprezando a última, manifestando que a cultura alemão contemporânea se assemelhava à cultura grega posterior a Sócrates, só podendo ser salva pelo espírito da música de Wagner.
A obra de Nietzsche é riquissima, no entanto passarei à parte que realmente me interessa, o Anticristo.
Nietzsche diz-nos que ao contrário do que se crê, a humanidade não representa uma evolução para algo de melhor, o progresso é uma ideia moderna e falsa, o homem de hoje não vale mais que o homem do renascimento. No entanto em diferentes locais manifesta-se um tipo superior de homem, espécie que em relação à maioria é uma espécie de ultra-homem.
Para Nietzsche o Cristianismo travou uma guerra de morte contra o tipo de homem superior, baniu todos os instintos fundamentais de tal tipo, e desses destilou o mal e o pernicioso, criou do homem forte uma imagem de homem abominável. O Cristianismo tomou partido de tudo o que é fraco, baixo e falhado, ensinou o desprezo pelos valores da intelectualidade.
Nietzsche deixa-nos a questão: Que haveria num Deus que não conhecesse a cólera, a vingança, o castigo, que não ignorasse o gosto da vitória e da destruição? Quando um povo entra em colapso, quando sente a sua fé no futuro fugir, quando sente a liberdade esvair-se, então há que mudar o seu Deus. Torna-se então o Deus sonso, humilde. aconselha a paz da alma e até o amor para com os amigos e inimigos. Moraliza constantemente, faz-se o Deus de toda a gente, chega a tornar-se cosmopolita... Outrora simbolizava a força do povo e a sua sede de poder e afirmação, agora é simplesmente o Deus bom de todos os homens... Vê-se que não os deuses não têm alternativa: ou são a vontade do poder, sendo assim os deuses de um povo, ou são a impotência do poder, e então tornam-se forçosamente bons...
Nietzsche deixa-nos a questão: Que haveria num Deus que não conhecesse a cólera, a vingança, o castigo, que não ignorasse o gosto da vitória e da destruição? Quando um povo entra em colapso, quando sente a sua fé no futuro fugir, quando sente a liberdade esvair-se, então há que mudar o seu Deus. Torna-se então o Deus sonso, humilde. aconselha a paz da alma e até o amor para com os amigos e inimigos. Moraliza constantemente, faz-se o Deus de toda a gente, chega a tornar-se cosmopolita... Outrora simbolizava a força do povo e a sua sede de poder e afirmação, agora é simplesmente o Deus bom de todos os homens... Vê-se que não os deuses não têm alternativa: ou são a vontade do poder, sendo assim os deuses de um povo, ou são a impotência do poder, e então tornam-se forçosamente bons...
No Anticristo a autor tenta destrinçar algumas das mensagens de Cristo, ou se quisermos dar-nos a sua visão da mensagem de Cristo. Sobre a "Boa Nova", o Nietzsche escreve que a vida eterna, não é prometida, está aqui em nós: como vida no amor, no amor sem retraimento e exclusão, sem distância. Cada um é filho de Deus. " O Reino de Deus está em vós".
Falta em toda a "psicologia" do Evangelho o conceito de culpa e de castigo, igualmente falta o conceito de recompensa. O «pecado», toda a relação de distância entre o homem e Deus, é suprimido. Ai está novamente a "Boa Nova". A beatude não está prometida, não se encontra vinculada ás condições que a Igreja nos instiga, ela é a única realidade.
Podemos então dizer que toda a doutrina eclesiástica judaica foi negada na "Boa Nova".
O "Reino dos Céus" não é algo que se espere, ou que se encontre, não vá amanhã ou dentro de mil anos- é uma experiência dentro de um coração, está em toda a parte e não está lado nenhum...
Quanto a Jesus, Nietzsche segue passando-nos a mensagem que a sua morte não foi para redimir os nossos pecados, a sua morte foi igual à sua vida, ele morreu como ensinara, Jesus apenas nos quis ensinar como deviamos viver. A Prática foi o maior bem que nos deixou: a sua atitude perante os seus juízes, perante os que o ultrajaram, o seu comportamento na cruz, é esta a sua verdadeira lição.
As palavras proferidas ao ladrão na cruz resumem o Evangelho: "- Este é um verdadeiro homem de Deus - diz o ladrão.", " Se sentes isso então estás no paraíso, és também um filho de Deus - responde Jesus.". Não se defender, não se encolerizar...mas também não resistir ao mal- amá-lo...
Após a morte de Jesus, os seus díscipulos ao contrário dos ensinamentos do mestre, subjugaram-se a palavras, como ressentimento, vingança, juízo... O que deveria ter sido o inicio do Evangelho, descambou num sentimento contrário aos ensinamentos de Jesus. Para os seus seguidores era impossível a causa terminar com a morte do Redentor, e a promessa da vinda do "Reino dos Céus", para vingar os assassinos do Mestre e os seus seguidores. É então que o "Reino dos Céus" passa a ser não a realidade, algo ao alcance de todos nós, mas uma promessa, um sonho, um sonho de sangue, de vingança.
Mas os estragos na mensagem do nazareno não ficariam por aqui, na sua ânsia de encontrarem um sentido para a morte de Jesus os seus discipulos questionavam-se: Como podia Deus admitir tal situação? E então acaba-se com o Evangelho: ele morreu na cruz por nós, pelos nossos pecados. Suprime-se assim a "Boa Nova" de Jesus e o seu "Reino dos Céus".
É então que surge o ódio de Nietzsche por Paulo. Paulo diz: " Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa fé".
Paulo era Nietzsche o contrário do alegre mensageiro, o génio do ódio. Paulo sacrifica toda a vida de Jesus, a sua vida e doutrina. Para Paulo não foi Cristo importante, mas sim a cruz. Ele inventou uma história mirambulante de ressurreição, uma segunda vinda do Messias, o castigo para os pecadores. A sua necessidade era o poder, com Paulo o padre quis apenas o poder, utilizou conceitos , doutrinas, simbolos, por meio dos quais se tiranizaram as multidões e se formam os rebanhos.
Nietzsche afirma-nos que a única coisa que Maomé foi buscar ao Cristianismo, foi esta invenção de Paulo, o seu meio de tirania sacerdotal: a fé na imortalidade, ou seja, a doutrina do juízo...
Transcreverei um excerto do Anticristo, onde se compreende o porquê do nazismo ter ido beber a Nietzsche: "Conceder a imortalidade a cada Paulo e Pedro foi até agora o maior e mais pérfido ataque à humanidade nobre. (...). Hoje, ninguém mais tem coragem do privilégios, dos direitos de dominação, do sentimento de reverência por si e pelos seus pares... (...) O aristocracismo foi minado, na sua dimensão mais subterrânea, pela mentira da igualdade das almas; e se a fá no «privilégio da maioria» constitui e constituirá revoluções, é o Cristianismo, são os juízos de valor cristãos, que traduzem toda a revolução simplesmente em sangue e em crime! O Cristianismo é uma insurreição de tudo o que rasteja pelo chão contra o que tem sublimidade: o Evangelho dos pequenos empequenece...
Querem outra: " O cristão esta ultima ratio da mentira, é uma vez mais o judeu- três vezes ele próprio..."
Nieztsche dá-nos algumas passagens, algo "evangélicas" da bíblia, segundo Nietzsche, palavras que foram colocadas na boca de Jesus: "Não julgues", dizem eles. Mas mandam para o inferno tudo o que se encontra no seu caminho.
" E se alguns vos não rceberem e ouvirem, saí dali e sacudi o pó dos vossos pés, em testemunho contra eles. Em verdade vos digo, Sodoma e Gomorra serão no dia do juízo tratadas com menos rigor que essa cidade." Muito evangélico...
"Em verdade vos digo: há alguns aqui presentes que não morrerão antes de ver chegar o Reino dos Céus no seu poder." Será mesmo?
"Não julgueís para não ser julgado. Com a medida com que medirdes, vos será medido." Um juíz pouco integro...
"Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo". Todas as coisas, a saber: alimentos, vestuário, todas as necessidades da vida.
Passagem de Paulo: " Acaso não sabeis que os santos julgarão o mundo? E se é por vós que o mundo vai ser julgado, seríeis então ineptos para julgar as coisas mínimas?" Parece um discurso de um louco internado... mas prossegue:" Não sabeis que julgaremos os anjos? Quanto mais os bens temporais".
Enquanto o padre surgir como tipo superior de homem, esse negador, caluniador e envenenador da vida por profissão, não haverá resposta para a pergunta: o que é a verdade? Enquanto assim for a verdade estará virada de cabeça por baixo. O que um padre afirma verdadeiro, deverá ser certamente falso.
Isto são apenas alguns pensamentos de Nietzsche e do seu anticristo, aconselho quem questiona a doutrina da Igreja Católica a ler.
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