Tentarei fazer pequenos resumos de livros que li ou que estou a ler, dando uma perspectiva mais pessoal da obra.
Este foi um livro que li à cerca de 3 semanas, foi o meu segundo livro de Dostóievski e tenho de dizer que pensava ir encontrar nos dois livros que li dele um artista pesado, mas não. Tenho a revelar que é uma literatura, que embora profunda, é de uma leveza que nos leva a devorar o livro. O livro de Dostóievski que li antes das Crónicas do Subterrâneo foi O Jogador.
Dostóievski é considerado como o primeiro escritor existencialista. E o que é o existencialismo?
O existencialismo é uma corrente filosófica que destaca a liberdade de cada homem, as suas responsabilidades e a sua subjectividade. No existencialismo o homem é responsabilizado pelos seus actos e consequentemente pelo seu destino.
Nas Crónicas do Subterrâneo (CS) Fiodor Dostóievski (FD) leva-nos ao mundo de um homem amargurado com a sua vida, embora durante todo o livro ele mostrar que sabe o porquê da sua amargura e desilusão. E a resposta a esse porquê, está nos seus actos.
Na primeira parte do livro a personagem tenta mostrar a sua visão particular do mundo, aquilo que o apoquenta e as suas fraquezas, tentando por um lado, arranjar desculpa para os seus actos e para a sua situação, por outro lado acaba sempre por demonstrar que a responsabilidade pela sua situação actual é toda sua.
Impressionou-me o facto de muitas das situações descritas pela personagem (que não tem nome), conseguir fazer-me pensar que já passei por algumas daquelas situações e a pensar as mesmas coisas.
Na segunda parte o homem sai do subterrâneo e entra no mundo real, o seu mundo, onde nos apercebe-mos que ele é incapaz de amar, incapaz de fazer amizades, infeliz com o seu trabalho, desonesto com o seu criado, que tem de comprar a comida para a casa com o seu ordenado, e cruel com a mulher que ama.
Este anti-herói tem todos estes defeitos, mas sabe que os tem e que paga bem caro por eles, e embora tente culpar os outros pela sua desgraça, acaba sempre por se consciencializar que é ele com os seus actos, que cava a sua própria sepultura.
Da segunda parte destaco a hilariante cena do restaurante, sim porque FD consegue sempre usar uma linguagem humorística, um comedy relief bem particular, nesta sua obra.
Esta devia ser uma obra obrigatória nesta sociedade onde a culpa dos nossos actos é sempre dos outros: amigos, desemprego, exclusão social...
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