quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Acordado

Este filme de 2007, tem como actores principais Hayden Christensen, Jessica Alba e Terrence Howard.

É um bom filme para quem tiver uma hora e meia de tempo morto e quiser aproveitá-la com algo produtivo, visto o filme ser leve, interessante e de apenas 1h20m, que acabam por voar.

O filme é uma adaptação cinematográfica de uma obra literária.

O roteiro do filme tem como base uma operação de transplante de coração, feita a Clay (Hayden Christensen), em que este embora adormecido, consegue ouvir o que se passa à sua volta e sentir todos os procedimentos da operação. É algo que acontece muito raramente durante as operações, o paciente está a dormir, mas consciente de tudo o que se passa à sua volta, estando em profundo sofrimento porque sente tudo o que lhe estão a fazer, e em agonia porque não consegue transmitir o que sente.

É durante a operação que se apercebe a trama do filme. Se numa certa altura o roteiro é previsivel, o final é inesperado.

Não posso adiantar mais sobre esta película, pois de outro modo ficar-se-ia a conhecer o filme antes de o ver.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Plano Infinito

Depois de ler a bela obra de Homero, A Iliada, decidi ler um livro mais "leve", O Plano Infinito (PI) de Isabel Allende(IA).

A dicotomia entre estes 2 livros é por demais evidente, mas será o de IA pior? Ok, a Iliada é um clássico e é um livro "pesado", mas o Plano Infinito é noutro prisma, também um livro bastante bom. Isto só prova que a literatura não precisa ser pesada para ser boa. A literatura divide-se em 2 blocos apenas, boa e má.

O PI conta-nos a história de vida Gregory Reeves, o companheiro/marido (não sei bem), de IA que ela já nos dá a conhecer na sua obra, Paula.

IA aproveita a história de vida de Gregory Reeves para passar por toda a história dos EU, desde a Grande Depressão até ao inicio dos anos 90.

O livro é recheado de boas personagens, desde Gregory Reeves o homem atormentado pela sua infância e pela guerra, um homem à procura de um caminho para a felicidade e que normalmente a procura no sitio errado, como muitos de nós.

Depois temos Pedro Morales, o patriarca da familia do ghetto mexicano, e sua esposa Inmaculada Morales.

Carmen ou Tamar, a personagem oposta a Gregory Reeves, pode-se dizer que um é a face boa da vida e as escolhas certas e outro a face oposta, com opções erradas.

É dificil descrever todas as personagens, a familia de Gregory, o pai, a mãe e a irmã, é uma familia disfuncional, mas que representa bem um certo estereótipo de familia existente.

As mulheres de Reeves, que nos representam a futilidade e a coqueteria de grande parte das mulheres ocidentais.

Enfim, um manancial de personagens que IA tão bem sabe construir e explorar de forma sublime e que nos faz pensar que isto não é apenas uma obra de ficção, isto existe mesmo.

A parte do livro que mais gostei, foi a parte dos anos 60 e a revolução hippie, IA dá-nos uma visão absolutamente realista daquilo que eram os hippies, e com a qual eu concordo inteiramente. IA mostra-nos que toda a existência passava acima de tudo por não fazer nada, arranjar desculpas e razões para fazer grandes orgias e ter sexo com tudo e todos, e claro as drogas. No meio da revolução hippie apenas se aproveitou o rock n'roll. Aliás a geração hippie foi a mesma geração que lançou a febre consumista e materialista, dos anos 70 e 80. Alguém consegue desmentir isto?

Ao que se resume esta obra: "NA VIDA NUNCA SE CHEGA A NENHUM LADO. VIVE-SE, NADA MAIS."




terça-feira, 1 de setembro de 2009

Rocknrolla

Este filme parece um malho de AC DC ou de Guns N' Roses, o ritmo é intenso e frenético e agarra-nos do principio ao fim do filme.

A história do filme? Bem vou tentar!

O filme é quase um filme puzzle com várias acções paralelas, que decorrem entre si e com influência umas nas outras.

Uma estrela do rock que é dada como morta afinal está viva e consegue encontrar o significado da existência humana num maço de tabaco.

Dois produtores discográficos são chantageados.

Um mafioso local com ligações ao negócio das construcções.

Uma quadrilha de bandidos que faz trabalhos para outros mafiosos.

Uma contadora que engana os próprios clientes e que deixa meio mundo apaixonado.

Um mafioso russo que quer entrar no negócio das construcções locais.

Um senador corrupto.

Um gangster gay.

Um bufo.

E por fim, o mais importante, um quadro que é emprestado depois roubado depois descoberto depois comprado depois achado e que pelo caminho muda sempre a história do filme.

UUUUUUUUUUUUFFFFFFFFFF!!!!!

Bom basicamente é isto, baladas e bandas tipo Radiohead aqui são só para meninos, o ritmo é alucinante.

O guião é excelente e estou rendido por completo ao Sr. Guy Ritchie.

Ficamos à espera do, Verdadeiro Rocknrolla.

sábado, 29 de agosto de 2009

Identidade Kubrick

Vi o filme Identidade Kubrick (IK)e ao contrário da maioria das críticas que vi na net, o filme não me desiludiu antes pelo contrário. Posso até afirmar que ainda bem que não vi antes as críticas na net, pois assim deixaria de ver o filme, e agora ao pensar nisso vejo que teria perdido um bom filme.

IK é uma daquelas comédias que não nos faz soltar gargalhadas, mas ficamos do inicio ao fim com um sorriso aparvalhado na cara. Durante uma hora e meia esquecemos os problemas que nos rodeiam e a nossa vida e concentramo-nos nas aventuras do burlão Alan Conway (AC).

AC é um burlão, alcoólico e homossexual, que se faz passar por Stanley Kubrick (SK). Durante todo o filme AC engana as mais diferentes pessoas, o homem do talho, uma banda de heavy metal, criticos de cinema... enfim qualquer pessoa a quem pudesse roubar um apetecivel projecto, dinheiro ou por apenas umas horas de sexo.

O mais "nonsense" em todo o filme é que AC, nem sequer conhece a obra de SK, o que não o impede de enganar meio mundo.

Ao contrário da grande parte das criticas que li na net, penso que o filme alcança o objectivo a que se propõe, ser uma comédia que nos faz apaixonar, odiar, divertir e ter pena da personagem principal. Penso que o objectivo do realizador nunca foi fazer uma homenagem a SK, fazer uma obra-prima ou uma grande critica a Hollywood e ao show business.

Uma das criticas com que concordo é o facto de John Malcovich arrebatar o filme completamente para si, o seu AC é deveras fantástico e embora seja um grande boneco, também há por ali muito John Malcovich.

Enquanto vi o filme e as suas situações mais caricatas perguntava a mim próprio: "E se fosse eu a ser burlado desta maneira, não cairia também?" A resposta é: "Sim cairia.". De facto o ser humano não é dificil de enganar, basta ter à sua frente uma figura credível, ou melhor uma figura que pensemos ser credível, e ouvirmos exatamente aquilo que queremos ouvir. A partir deste momento estamos prontos para a "matança".

A verdade é que visto de fora, as burlas de AC parecem fazer parte de um qualquer cenário Kafkiano. Visto por dentro, bom visto por dentro, o guião do filme é baseado em factos veridicos e AC existiu mesmo.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

A Desilusão de Deus

Li há pouco tempo mais um livro religioso, ou melhor um livro não-religioso, de Richard Dawkins: "A desilusão de Deus".

O autor, ao que parece um ateu bem conhecido nos EUA e entre a comunidade católica, pelo menos ele assim apregoa, é um ateu que nos quer convencer através de episódios contidos nas 3 religiões com mais seguidores Catolicismo, Islamismo e Hinduísmo, e pelas palavras e actos dos seus responsáveis que não existe essa "coisa" chamada Deus.

Durante todo o livro ele acusa as religiões e seus responsáveis de fanatismo, fundamentalismo e de tentativa de control das massas, acabando ele próprio por ser um fanático e fundamentalista não-religioso. Impressionante como normalmente quem segue cegamente uma ideologia contra outra, acaba sempre por se tornar uma versão diferente daquilo que tanto odeia. A História está cheia destes exemplos e de facto muitos ateus, acabam por fazer exactamente os mesmos erros que imputam, e muitas vezes com razão, ás religiões.

Como agnóstico prefiro questionar e não afirmar.

O autor desta obra vai-nos informando, de forma bastante envaidecida, que os seus amigos (que obviamente partilham as suas ideias, porque um fundamentalista ou um idealista não tem amigos que pensem de forma diferente da sua), lhe dizem que ele é considerado pela igreja Norte Americana como o Satã ou o Anti-Cristo dos tempos modernos. Uma ideia que o autor subliminarmente "abençoa" para a sua pessoa. Penso que este senhor deve adorar espelhos.

Da obra li os capítulos que mais me interessavam e aqui ficam algumas frases tiradas do livro, confesso que a maioria nem são do autor original, mas sim transcrições de outros autores que ele nos apresenta.

Uma das coisas que aprendi, quiçá a de maior importância, foi que os EUA não foram fundados como país cristão, como a direita norte americana tanto apregoa. Aqui fica a transcrição de um tratado de 1796 assinado por John Adams em 1797, durante a presidência de George Washington: " Considerando que o governo dos EU não é, em nenhum sentido, fundado na religião cristã; considerando que não o move qualquer inimizade contra as leis, religião ou tranquilidade dos muçulmanos, e conferindo que os referidos Estados nunca moveram qualquer guerra ou acto de hostilidade contra qualquer nação maometana, é declarado pelas partes que nenhum pretexto resultante de opiniões religiosas deverá alguma vez ser razão para uma interrupção da harmonia existente entre os 2 países".

Neste tratado podemos ver que os EUA foram fundados com uma base secular. Hoje esta base secular, é ignorado pelas igrejas católicas americanas e pelos milhares de pastores norte americanos, assim como pelos politicos que não têm actualmente outra saída senão aceitar a não- secularidade do Estado.

EINSTEIN: "Eu não tento imaginar um Deus pessoal; basta mostrar reverência pela estrutura do mundo, na medida que ele permita aos nossos insuficientes sentidos apreciá-lo".

RALPH EMERSON: "A religião de uma época é o entretenimento literário da época seguinte."

THOMAS JEFFERSON: "Na nossa intituição não devia haver lugar para uma cátedra de teologia."

EINSTEIN: " Estranha é a nossa situação aqui na Terra. Cada um de nós vem para uma curta visita, sem saber porquê, contudo, por vezes parecemos adivinhar um objectivo. No entanto do ponto de vista do quotidiano, há uma coisa que sabemos: que o homem está aqui pelos outros homens- acima de tudo por aqueles cujos sorrisos e bem-estar depende a nossa felicidade."

SEAN O'CASEY: " A política chacinou os seus milhares, mas a religião chacinou as suas dezenas de milhares."

VICTOR HUGO: " Há em cadeia aldeia um archote- o mestre escola; é uma boca que sopra para o apagar- o pároco."

STEVEN WEINBERG:" Com ou sem religião haverá sempre gente boa a fazer o bem e gente má a fazer o mal. Mas é preciso religião para colocar gente boa a fazer o mal."

BLAISE PASCAL: "Os homens nunca fazem o mal tão completamente e tão alegremente como quando o fazem por convicção religiosa".

Agora como agnóstico digo a frase da minha preferência da autoria de Abert Einstein: " A ciência sem a religião é coxa, mas a religião sem a ciência é cega".

Boas orações ou lá o que é, como diria uma conhecida personagem de Salman Rushdie.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

State of Play

"People still know what's serious information and what is bullshit."

"This is good journalism".

Eis duas das frases que destaco deste grande filme de Kevin Mcdonald.

A frase é do jornalista Call MacCaffrey, um jornalista de investigação à antiga interpretado de modo simples mas criativo por Russel Crowe.

O filme conta ainda com Ben Affleck, Rachel McAdams a estrela de Red Eye e Jason Bateman.

A acção do filme tem como pano de fundo as lutas internas que os Estados Unidos travam contra empresas de armamento, a quem os governos deram poderes ilimitados e que agora são de dificil controlo, para quem a guerra e a segurança interna é apenas um negócio independentemente das baixas.

O filme começa com a morte de uma acessora e amante de um senador que luta nos tribunais contra uma poderosa empresa de armamento.

Um jornalista de investigação irá tentar desmantelar o puzzle que se forma entre o senador, a empresa de armamento e o assassinio da acessora.

O jornalista Call MacCaffrey terá a ajuda de uma jovem jornalista Della Frye para conseguir juntar as peças da história. Della é uma jovem jornalista que dá mais importância a imprensa de Blog que tem uma opinião sobre tudo e todos, mas normalmente completamente vazia de conteúdo e de verdadeiro trabalho jornalistico.

O filme mostra-nos a importância que o bom jornalismo tem ou deveria ter, na nossa sociedade actual, onde as peças jornalisticas têm cada vez menos conteúdo e factos e cada vez mais opinião individual.

O jornalismo de investigação terá de ser a grande aposta futura da imprensa escrita, é este jornalismo que poderá salvar esta imprensa, da cada vez maior concorrência da Internet.

Há ideias e histórias que se conseguem transmitir melhor no papel. Haja editores que se lembrem disto e se lembrem da dívida que tem um jornalista para com a sociedade que lhe confere direitos especiais que mais nenhuns cidadãos têm.

O jornalismo é ainda hoje o maior poder na civilização ocidental.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Golfe camponês

Em Portugal aposta no Turismo traduz-se a maior parte das vezes na abertura de hotéis e investimento em campos de golfe. Basta ouvir os responsáveis falarem em jornais, na tv ou em qualquer orgão de comunicação social para entender que os responsáveis pelo turismo português só vêm à frente, auto-estradas, hotéis, campos de golfe, como paradigmas do desenvolvimento turistico.

Esta mentalidade advém do facto de os responsáveis raramente terem formação em Turismo, porque quem lhes dá os altos cargos achar que qualquer pessoa pode fazer bem esse trabalho. O pior é que quem tem o mínimo de formação turística arrepia-se com o discurso destes senhores, que de Turismo nada entendem.

O bom turismo tem uma grande dose de planeamento e muitas vezes o investimento não necessita de ser grande para o retorno ser também grande.

Se a aposta turistica deve primar por uma diversificação da oferta e pela criatividade, num mercado já saturado da aposta nos mesmos produtos, em época de crise essa diversificação e imaginação deve ser ainda maior, de modo a se investir pouco e ter alto proveito, ou seja, haver um saldo positivo na relação custo/benefício.

Ora foi exactamente isso que aconteceu nos Açores, com a aposta no Golfe Camponês (GC) na ilha do Faial nas encostas do vulcão dos Capelinhos.

O GC é uma aposta no regresso ás origens rurais da modalidade na Escócia. É uma modalidade praticada em zonas de pastagens de erva rasteira, os circuitos são compostos por 18 bandeiras, no meio de círculos com diâmetro de um metro que funcionam como buraco. Antes de cada tacada é possivel melhorar a posição da bola, numa distância igual ao comprimento do taco, mas apenas para os lados. Isto acontece devido ao terreno demasiado acidentado onde é disputado o jogo. A bandeira considera-se concluída quando a bola estiver dentro do círculo que a envolve.

Ao contrário dos verdes campos de golfe é substituído aqui por areia escura e fragmentos de rocha lavar vermelhor, e se se pode tentar jogar onde mais ninguém ousa jogar, pode-se também aproveitar para desfrutar das paisagens açorianas enquanto de joga. Importante é também referir que os Capelinhos é uma zona protegida e ainda assim é possivel jogar este desporto nestas zonas, ou seja, ao contrário do golfe tradicional este não é agressivo para o ambiente.

Se isto começou como uma brincadeira na ilha do Faial, hoje é um projecto que contagiou os orgãos turísticos responsáveis, como é o caso das Casas Açorianas, uma associação de turismo rural que tem co-organizado os 16 torneios já realizadas em todas as ilhas, à excepção da Graciosa e da Terceira.

Nos Açores o desporto é praticado num solo vulcânico como o do vulcão dos Capelinhos, nass encostas verdes da ilha com vista para a ilha do Pico, a deslocação dos jogadores em vez de ser no tradicional carrinho é feita num 4x4, os obstáculos podem ser vacas, bezerros ou cavalos.

O primeiro campo oficial deste desporto nos Açores será mesmo o cenário lunar dos Capelinhos.

O preço será de 10 a 15 euros por pessoa.

O que mais importa não será a competição em si, será sim o desfrutar da paisagem local, o convívio, o coffe-break e o almoço servidos no meio da paisagem, onde os jogadores se podem repastar com a gastronomia tradicional, como os queijos, batata-doce, enchidos caseiros ou chicharros fritos.

Alguém dúvida do sucesso deste pequeno investimento a médio longo prazo? Só quem nada perceber de turismo.

Com isto concluo: os nichos de mercado andam aí, estejam atentos meus senhores.